Trump descarta demissão do chefe do Fed

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou as divergências com o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, durante uma visita ao projeto de reforma do banco central na quinta-feira. Trump destacou que sua principal preocupação está nas taxas de juros mais baixas.

Em uma visita marcada por troca de provocações sobre os custos da obra, Trump afirmou que não existe tensão com o líder do Fed e indicou que as questões orçamentárias não justificam a demissão do presidente do Banco Central norte-americano.

“Tomar essa atitude seria algo muito grave e, neste momento, não creio que seja necessário”, declarou Trump à imprensa.

A visita, no entanto, teve momentos de certo desconforto. O presidente brincou dizendo que normalmente dispensaria um gerente responsável por gastos excessivos semelhantes. Ele provocou Powell — que já vem sendo alvo de críticas há meses — em relação às taxas de juros.

“Eu gostaria muito que ele reduzisse os juros. Fora isso, não tenho mais o que dizer”, afirmou Trump.

Donald Trump realizou uma visita rara ao Federal Reserve, sendo o primeiro presidente a fazer isso em quase vinte anos, o que demonstra sua determinação em aumentar a pressão sobre o presidente do banco, ameaçando diretrizes históricas que garantem a independência da instituição para tentar conseguir juros mais baixos.

Durante o segundo mandato, Trump ampliou consideravelmente seus poderes executivos para controlar várias entidades, mas não conseguiu exercer domínio sobre o Federal Reserve.

Durante o encontro, Trump e Powell caminharam por um corredor pouco iluminado antes de responderem a repórteres. Enquanto Trump focava no alto custo da reforma, Powell expressava ceticismo.

Em determinado momento, Powell demonstrou desconforto ao ouvir Trump afirmar que a obra alcançava 3,1 bilhões de dólares.

Quando Trump ofereceu um documento com uma nova estimativa, Powell afirmou que o valor incluía um prédio já concluído há cinco anos e que não fazia parte do orçamento atual.

No final da visita, questionado sobre possíveis casos de má gestão ou desperdício, Trump hesitou, mas reconheceu que a segurança e as necessidades técnicas elevam os custos.

Ele comentou que sempre haverá críticos com vantagem de tempo, mas enfatizou que deseja contribuir para a conclusão do projeto.

Espera-se que o Federal Reserve mantenha as taxas de juros inalteradas pela quinta vez consecutiva na próxima reunião. A maioria dos dirigentes prevê pelo menos duas reduções até o fim do ano, segundo projeções de junho.

No entanto, Powell e outros membros do banco preferem avançar com cautela para evitar riscos de inflação resultantes das políticas tarifárias adotadas pelo governo.

Mesmo sob pressão de Trump, que chegou a consultar parlamentares sobre a possibilidade de dispensar Powell, o presidente do Fed não mostrou intenção de deixar o cargo antecipadamente nem descartou permanecer como membro regular do conselho após o término de seu mandato em maio.