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Fotógrafo capta primeiro filhote de jubarte na temporada de baleias em São Paulo

A temporada de observação de baleias em Ilhabela, litoral norte de São Paulo, começou oficialmente em 3 de junho e já trouxe o registro do primeiro filhote de jubarte nesta quinta-feira (25/7). O animal foi avistado nadando na parte sul da ilha acompanhado da mãe.
O registro foi feito pelo pesquisador e fotógrafo Rafael Mesquita Ferreira, que estava a bordo de uma embarcação em busca de megafauna marinha. Ao saber do avistamento de três baleias na região, ele se dirigiu até o local, onde encontrou a mãe, o filhote recém-nascido e um escort, um macho que os acompanhava.
Para Rafael, ver e fotografar um filhote de jubarte é um privilégio e uma emoção imensa, além de simbolizar a recuperação e conservação da espécie. “É sempre emocionante ver filhotes aqui, pois indica que as jubartes consideram o sudeste brasileiro como área de reprodução. Elas são um símbolo da recuperação de uma espécie que já esteve quase extinta”, comentou ao Metrópoles.
Temporada de baleias em Ilhabela
Os meses de junho e julho são o auge da temporada de observação de baleias na região. A jubarte, famosa por seus saltos acrobáticos e uma das migrações mais impressionantes do reino animal, é a protagonista do período. Elas viajam cerca de cinco mil quilômetros, saindo das águas geladas da Antártida até o litoral quente do Brasil, incluindo locais como Abrolhos, na Bahia, passando pelo litoral paulista.
A abertura da temporada deste ano teve destaque com um salto duplo de jubartes e um avistamento de 16 baleias em apenas uma expedição.
Além do belíssimo espetáculo, o avistamento das baleias em Ilhabela é realizado de maneira responsável, podendo ser feito tanto da terra quanto do mar, com operadoras certificadas pela iniciativa Cidade Amiga das Baleias. Os passeios marítimos, geralmente realizados pela manhã, duram em média de três a quatro horas. A temporada de observação segue até agosto.
Locais recomendados para avistar baleias
- Farol do Boi: área com excelente visibilidade e alta frequência de avistamentos.
- Costão de Itapecerica: região rica em biodiversidade, habitada por jubartes, golfinhos-pintados-do-Atlântico e golfinhos-nariz-de-garrafa.
- Área oceânica próxima à Praia do Bonete: local privilegiado para observar jubartes, orcas e baleias-de-Bryde.
Na terra, os melhores pontos são:
- Passarela Caminho ao Mar “Ciro Ledo Barbosa”, bairro Taubaté: recém-inaugurada, oferece fácil acesso e vista privilegiada para o canal de Ilhabela.
- Deck de Observação Científica do Instituto VIVA: dedicado à pesquisa e educação ambiental, possui infraestrutura adequada mediante agendamento prévio.
O crescimento da população de jubartes saltou de mil para aproximadamente 35 mil indivíduos após a proibição da caça na década de 1980. Júlio Cardoso, fundador do Projeto Baleia à Vista, destaca que a quantidade de animais avistados em Ilhabela é impressionante, transformando a ilha num local de destaque mundial.
Além das jubartes, também podem ser vistos baleia-tropical, toninhas, orcas, raias-manta, tubarões-baleia, golfinhos e aves pelágicas durante a temporada.
A bióloga Mia Morete, do VIVA Instituto Verde Azul, ressalta que o turismo de avistamento funciona como uma poderosa ferramenta de educação ambiental, despertando maior consciência sobre a fauna marinha nos visitantes.
Turismo de observação
O turismo de observação de baleias tem transformado a dinâmica turística do litoral norte de São Paulo, destacando Ilhabela e São Sebastião como destinos procurados também no inverno. Em julho, a ocupação hoteleira ultrapassou 80%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, e o comércio e serviços operaram a cerca de 68% da capacidade no período, conforme dados da Associação Comercial de Ilhabela.
As jubartes são encontradas em toda a costa norte paulista, incluindo o Canal de São Sebastião e o mar aberto de Ilhabela, com visitas esporádicas ao litoral sul próximo à Laje de Santos. O Instituto Baleia Jubarte estima cerca de 30 mil indivíduos da espécie circulando pela costa brasileira.
Marcos Cará, turismólogo, diretor de uma operadora turística e fotógrafo, afirma que a experiência de observar baleias vai além do simples avistamento. Ele explica que os biólogos a bordo dos passeios transformam cada expedição em uma aula de ciência cidadã, partilhando curiosidades sobre a fauna e biodiversidade local e incentivando um olhar mais atento e respeitoso para a natureza regional. Para ele, a baleia é o ponto alto dessa experiência.

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