Democratas acusam Trump de abuso de poder por tarifas ao Brasil

Senadores democratas enviaram uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticando as tarifas elevadas de 50% aplicadas às importações brasileiras. Onze parlamentares da oposição assinam o documento, acusando Trump de abuso evidente de autoridade ao usar a influência econômica norte-americana para beneficiar um antigo aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na carta, os senadores manifestam preocupação com a possibilidade de uma guerra comercial entre os EUA e o Brasil, que poderia resultar em custos mais altos para as famílias americanas. Eles ressaltam que questões comerciais legítimas entre os dois países devem ser resolvidas por meio de diálogo e negociação, não por imposição de tarifas punitivas.

Os parlamentares alertam que a interferência no processo judicial brasileiro cria um precedente perigoso, incita uma guerra comercial desnecessária e expõe empresas e cidadãos americanos a retaliações. Argumentam que o uso do poder econômico americano para defender interesses pessoais de Trump enfraquece a posição dos EUA no Brasil e pode prejudicar seus interesses na América Latina.

O comércio bilateral é relevante: os EUA importam mais de 40 bilhões de dólares anuais do Brasil, incluindo quase 2 bilhões em café, e esse comércio sustenta aproximadamente 130 mil empregos norte-americanos. Uma guerra comercial elevaria os preços e prejudicaria ambas as economias, além de favorecer a aproximação do Brasil com a China.

Assinam a carta senadores como Jeanne Shaheen, Tim Kaine, Adam Schiff, Dick Durbin, Kirsten Gillibrand, Peter Welch, Catherine Cortez Masto, Mark R. Warner, Jacky Rosen, Michael Bennet e o reverendo Raphael Warnock.

O documento criticou a ação do governo americano de ameaçar sanções contra integrantes do judiciário brasileiro responsáveis pelo processo contra Bolsonaro, que é acusado de tentar subverter uma eleição democrática e planejar um golpe no Brasil. Os parlamentares chamam essa postura de grave abuso de poder e ressaltam que essa política pode afastar o Brasil dos EUA e aproximá-lo da China, cuja influência cresce na América Latina por meio de projetos e investimentos estratégicos.

Os democratas ressaltam ainda que o relacionamento entre os EUA e a América Latina deve se basear em interesses econômicos mútuos, respeito pela democracia e contenção da influência chinesa. Eles concluem pedindo a revisão das ações do governo para evitar a guerra comercial e proteger os empregos e o poder de compra dos americanos.