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Trump diz que Hamas ‘deseja morrer’ após falha nas negociações sobre Gaza

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta sexta-feira (25) que o grupo palestino Hamas “deseja morrer”, após acusá-lo de rejeitar um acordo de cessar-fogo na devastada Faixa de Gaza, onde a fome se agrava após mais de 21 meses de conflito.

Após o insucesso das conversas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que está “considerando outras alternativas para recuperar os reféns e eliminar o regime terrorista do Hamas”. O movimento islamista, por sua vez, acusou o enviado americano Steve Witkoff de distorcer os fatos para favorecer “a posição israelense”.

Num contexto de mútuas acusações, um representante israelense informou que a assistência humanitária para Gaza será retomada em breve, região imersa numa crise humanitária onde organizações internacionais alertam para o aumento da desnutrição infantil.

Entretanto, os ataques aéreos israelenses em Gaza persistem, e a Defesa Civil local reportou 89 mortes nas últimas 24 horas no território palestino, devastado pelo conflito iniciado após o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.

“O Hamas realmente não queria um acordo. Eu acredito que eles querem morrer. Isso é muito sério”, afirmou Trump.

Seu representante, Witkoff, confirmou na quinta-feira o fracasso das negociações que duraram mais de duas semanas em Doha entre Israel e Hamas, mediadas pelo Catar, Estados Unidos e Egito. Tal como Netanyahu, retirou seus negociadores e questionou a boa-fé do Hamas.

Witkoff estava correto. O Hamas é o impedimento para um acordo de libertação dos reféns”, declarou o líder israelense em nota oficial.

Em resposta, uma autoridade do Hamas, Basem Naim, contestou a posição do enviado americano, afirmando que suas declarações contradizem o ambiente em que se deram as negociações.

Na quinta-feira, o Hamas indicou ter respondido a uma proposta de trégua de 60 dias que incluía troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, sugerindo modificações em cláusulas relativas à entrada de ajuda humanitária, mapas das áreas de Gaza a serem evacuadas pelo exército israelense e garantias para o fim do conflito.

Israel, que não aceita tais garantias, deseja desmantelar o grupo, removê-lo de Gaza e assumir controle da região, governada pelo Hamas desde 2007, mas sob bloqueio israelense desde outubro de 2023.

No início de março, Israel proibiu a entrada de ajuda humanitária em Gaza, permitindo no final de maio quantidades muito limitadas, o que gerou escassez severa de alimentos, medicamentos e combustível, provocando críticas crescentes.

Mais de 100 organizações humanitárias alertaram recentemente sobre a disseminação da “crise de fome” na Faixa de Gaza, responsabilidade negada por Israel.

Um representante israelense informou que entregas aéreas de ajuda humanitária serão retomadas nos próximos dias, embora a ONU ressalte que esse modo não substitui as rotas terrestres.

A ONG Médicos Sem Fronteiras denunciou que, na última semana, um quarto das crianças de seis meses a cinco anos e das mulheres grávidas e lactantes atendidas em Gaza sofrem de desnutrição.

“O uso intencional da fome como arma de guerra por parte das autoridades israelenses atingiu níveis inéditos. Pacientes e profissionais de saúde estão famintos”, alertou a organização.

O Programa Mundial de Alimentos reporta que quase uma em cada três pessoas não se alimenta há vários dias.

Reino Unido, Alemanha e França condenaram a situação humanitária em Gaza e pediram a Israel que suspenda restrições à distribuição de ajuda.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o chanceler italiano, Antonio Tajani, também condenaram a crise alimentar, enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou a falta de compaixão e humanidade da comunidade internacional frente à tragédia.

Em evento da Anistia Internacional, foi destacado que as crianças em Gaza sonham em ir ao paraíso, onde supostamente haveria comida, ressaltando que o conflito representa não só uma crise humanitária, mas uma crise moral que desafia a consciência global.

Philippe Lazzarini, diretor da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), afirmou que a fome começa a se instalar silenciosamente em Gaza, onde já morreram mais de cem pessoas, principalmente crianças, de inanição.

O conflito em Gaza teve início após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.219 pessoas, em sua grande maioria civis, segundo dados oficiais da AFP.

Além disso, naquele dia, militantes capturaram 251 pessoas em território israelense, das quais 49 permanecem cativas em Gaza, e 27 estariam mortas, conforme o Exército israelense.

A campanha militar israelense na Faixa de Gaza causou a morte de 59.587 palestinos, principalmente civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, dados considerados confiáveis pela ONU.

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