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Lealdade e conflitos: trajetória de Tarcísio com o bolsonarismo

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Apesar de ter começado sua carreira política ao lado de Jair Bolsonaro (PL), a fidelidade de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao bolsonarismo tem sido frequentemente questionada desde que foi eleito governador de São Paulo, em outubro de 2022.

Desde o aumento das tarifas nos Estados Unidos até sua posição sobre as urnas eletrônicas, as opiniões e interesses do governador muitas vezes divergem dos de seu antigo mentor político. Também não é segredo as críticas e a desconfiança do clã Bolsonaro em relação a Tarcísio.

Nas últimas semanas, Tarcísio mudou sua postura sobre o acréscimo de 50% nas tarifas anunciado pelo presidente americano, Donald Trump, para produtos brasileiros, buscando negociar em vez de apoiar a pressão fiscal articulada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), que atua em favor do pai.

Eduardo Bolsonaro reagiu, acusando Tarcísio de falta de respeito e “subserviência às elites”. O governador não respondeu publicamente, mas nos bastidores descartou a possibilidade de oferecer um cargo a Eduardo que pudesse ajudá-lo a manter seu mandato de deputado — cuja licença de 120 dias terminou recentemente.

Com a aproximação das eleições de 2026, a tensão deve aumentar na disputa para conquistar o apoio de Bolsonaro e da direita bolsonarista para a Presidência, já que o ex-presidente é inelegível. Bolsonaro hesita em indicar alguém fora da família e insiste em sua própria candidatura, enquanto Tarcísio pretende tentar a reeleição como governador de São Paulo, mas tem nacionalizado seu discurso, focando a crítica no presidente Lula.

A questão das tarifas ainda está indefinida, mas é esperado que a pressão interna continue. Eduardo Bolsonaro age como porta-voz do descontentamento, atacando o governador nas redes sociais. Tarcísio evita confrontos públicos, mas se vê forçado a fazer gestos ao bolsonarismo sempre que as críticas aumentam.

Desafio dos impostos

A imposição de 50% sobre produtos brasileiros pelos EUA colocou Tarcísio em uma situação delicada. Em comunicado ao governo brasileiro sobre a medida, Trump mencionou o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro, classificando-o como vítima de uma “caça às bruxas”.

Tarcísio atribuiu as tarifas ao presidente Lula, o que desagradou o mercado e a indústria paulista, os mais impactados. Essa posição foi vista como politização de um tema econômico sensível. Ele então buscou diálogo com representantes americanos, como Gabriel Escobar, da embaixada dos EUA.

Eduardo Bolsonaro criticou essa estratégia, alegando que Tarcísio agia por canais alternativos, fora da articulação do ex-presidente. Nas redes sociais e em entrevistas, o filho de Bolsonaro condenou o governador por supostamente enfraquecer a coesão política.

Alinhamento e divergência econômica

Nem sempre as discordâncias foram recentes. Em julho de 2023, por exemplo, Tarcísio declarou ter apoio majoritário à reforma tributária do ministro Fernando Haddad (PT), posição que desagradou os bolsonaristas. Enquanto Tarcísio afirmava concordar com cerca de 95% da reforma, o ex-presidente e seu filho Eduardo se posicionaram contra, intensificando a tensão.

Relação com o STF e sistema eleitoral

Fora da pauta econômica, a insatisfação do grupo Bolsonaro para com Tarcísio de Freitas surge frequente em assuntos relacionados ao Supremo Tribunal Federal e ao sistema eleitoral. O governador evita confrontos diretos com ministros do STF e mantém diálogo com figuras como Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Logo após sua vitória nas eleições de 2022, Tarcísio declarou não se considerar um “bolsonarista raiz” e afirmou que buscaria manter diálogo aberto com o Supremo. Este comportamento, visto por alguns aliados do ex-presidente, seria um reflexo de pouca firmeza em defesa do líder da direita.

Além disso, Tarcísio já elogiou o sistema eleitoral brasileiro e a agilidade na contagem de votos, em comentário que foi interpretado como apoio às urnas eletrônicas, aumentando o desgaste com o bolsonarismo mais radical.

Encontros com Lula e postura política

Tarcísio de Freitas tem mantido encontros com o presidente Lula da Silva (PT), o que já gerou desconforto entre apoiadores de Bolsonaro. O governador participou de evento com o presidente para lançamento da obra do túnel Santos-Guarujá em fevereiro de 2023 e reiterou diálogo institucional com o governo federal.

Jair Bolsonaro já expressou descontentamento com esses encontros. Aliados veem Tarcísio como excessivamente conciliador com a gestão petista, especialmente desde que seu partido, o Republicanos, passou a integrar a base do governo, ocupando o Ministério dos Portos.

Criticado por bolsonaristas, Tarcísio tem sido convocado a trocar de sigla para resgatar sua identidade de direita, mas até agora não mudou seu vínculo partidário.

Nos últimos meses, porém, ele tem adotado uma postura mais crítica a Lula e ao PT, afastando-se de eventos oficiais do presidente e alinhando sua retórica ao discurso opositor tradicional.

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