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Israel autoriza ajuda aérea para Gaza após morte de crianças

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Com a fome aumentando significativamente em Gaza e com a pressão internacional crescendo, Israel anunciou na sexta-feira (25) que vai enviar ajuda humanitária para os palestinos por via aérea. De acordo com a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), o número de crianças com menos de cinco anos que sofrem de desnutrição grave triplicou em apenas duas semanas na clínica da ONG. As autoridades de saúde do local relataram mais nove óbitos por fome severa no dia anterior, totalizando 54 mortes por inanição apenas nesta semana.

O auxílio, composto por alimentos, medicamentos e água, será lançado por aviões da Jordânia e dos Emirados Árabes com paraquedas sobre Gaza. Embora essa forma de entrega tenha suas dificuldades, como o risco de desordem e a baixa precisão que pode fazer com que suprimentos caiam fora do território ou no mar, ela foi autorizada diante da emergência crítica.

Segundo o Comitê Internacional de Resgate e o Programa Mundial de Alimentos da ONU, meio milhão de palestinos, em uma população de aproximadamente dois milhões, enfrentam insegurança alimentar, e cerca de cem mil estão em estado de extrema fome. Um terço da população chega a ficar dias sem se alimentar.

Atualmente, apenas 70 caminhões entram diariamente em Gaza, número inferior aos 160 previstos no acordo entre Israel e União Europeia. O Programa Mundial de Alimentos indica que o mínimo necessário seria 100 caminhões para suprir as necessidades básicas.

Desde o início do conflito, Israel tem restringido a entrada de alimentos e combustíveis em Gaza. Entre março e maio, o governo israelense suspendeu completamente a distribuição de ajuda para pressionar o Hamas a se render, agravando ainda mais a crise humanitária na região.

Nos últimos dias, imagens impactantes de crianças extremamente magras se espalharam nas redes sociais e em capas de jornais ao redor do mundo, aumentando a pressão por um cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

Diplomacia

Apesar dessa pressão crescente, as negociações entre Israel e Estados Unidos ficaram paralisadas na quinta-feira, 24, com acusações ao Hamas de falta de disposição para concessões. O presidente americano Donald Trump declarou que o Hamas “não deseja paz de verdade” e afirmou: “Acho que eles querem morrer”.

Em contraste, a Europa toma um caminho diferente. Um dia após anunciar o reconhecimento do Estado palestino na ONU em setembro, a França divulgou uma declaração conjunta com Alemanha e Reino Unido, pedindo o fim da crise humanitária em Gaza e alertando sobre a fome.

A declaração foi publicada após reunião entre os líderes Keir Starmer (Reino Unido), Emmanuel Macron (França) e Friedrich Merz (Alemanha). Starmer enfrenta forte pressão do Parlamento para seguir o exemplo da França e reconhecer a Palestina, enquanto Merz descartou essa ideia por enquanto.

Negação da Fome

Apesar das imagens dramáticas, Israel continua negando que haja fome generalizada em Gaza. Ontem, um alto representante da Defesa declarou ao jornal Haaretz que a situação no território é “diferente do retrato dado internacionalmente” e afirmou que as denúncias de fome são parte de uma “campanha liderada pelo Hamas”.

Contudo, o relatório da Médicos Sem Fronteiras destaca a gravidade do quadro. Conforme a organização, cerca de 25% das crianças de 6 meses a 5 anos, assim como gestantes e lactantes atendidas, apresentam desnutrição.

Caroline Willemen, coordenadora da clínica da MSF em Gaza, afirma: “Recebemos 25 novos pacientes por dia com problemas de desnutrição. Notamos o desgaste e a fome até entre nossos próprios colegas”.

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