Economia
queda leve nas taxas com tarifa dos EUA

A poucos dias da aplicação de uma tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — caso não haja acordo entre os países — a incerteza permanece alta. Contudo, a expectativa de que essa tarifa possa pressionar a inflação para baixo levou a uma leve redução das taxas de juros locais no pregão da última segunda-feira (28).
Com a diminuição das exportações, é esperado que as empresas direcionem seus produtos ao mercado interno no curto prazo, o que pode reduzir os preços no país. Ao mesmo tempo, os setores impactados pela tarifa tendem a diminuir sua produção, especialmente em um período em que a política monetária já está bastante restritiva.
Ao final do dia, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) apresentam variações pequenas. Por exemplo, o DI com vencimento em janeiro de 2026 oscilou levemente para 14,930%, e os contratos de 2027 a 2033 mantiveram estabilidade ou pequenas quedas.
Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset, menciona três possíveis cenários que os investidores consideram: o mais otimista, em que o presidente dos EUA, Donald Trump, reduz a tarifa para um percentual menor; o mais pessimista, com a tarifa de 50% aplicada integralmente e retaliação brasileira equivalente; e um cenário intermediário — o mais provável — em que a tarifa é mantida em 50%, mas sem resposta dos EUA. Esse último cenário tem sido refletido nas condições atuais da curva de juros brasileira.
Segundo Ian Lima, a manutenção da tarifa gera um excesso de oferta no mercado interno, pressionando os preços para baixo e reduzindo a atividade dos setores afetados. Com menos pressão inflacionária, os juros tendem a cair.
Com a Selic em 15%, um nível elevado, e expectativas de cortes futuros, mesmo que não imediatos, os eventos que tendem a reduzir a inflação aumentam a perspectiva de diminuição da taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
O banco Pine revisou sua previsão para a variação do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em 2025 de 1,5% para zero, considerando o impacto da tarifa entre os principais fatores. Cristiano Oliveira, diretor de pesquisa econômica do banco, aponta que a tarifa deve entrar em vigor em 1º de agosto para cerca de 60 parceiros comerciais, incluindo o Brasil, e que essa data deverá permanecer.
Cristiano Oliveira ressalta que as tarifas impostas pelos EUA tendem a reduzir a inflação doméstica, devido ao aumento da oferta de produtos nacionais — especialmente do setor agropecuário — e à queda dos preços internacionais das commodities, causada pelo menor crescimento esperado dos EUA e do comércio global.
Quanto à atividade econômica interna, o Pine estima impacto limitado, mas destaca que alguns setores serão mais afetados, como produtos florestais e celulose, autopeças, químicos e bens intermediários industriais. No agronegócio, os segmentos de café, suco de laranja, carne bovina e açaí deverão sentir maiores efeitos.

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