Tarifa alta: senadores brasileiros terão encontros com parlamentares americanos

A delegação de senadores brasileiros que está em Washington para discutir a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, irá se encontrar com deputados e senadores dos partidos Democrata e Republicano nesta terça-feira. A lista dos participantes da reunião será divulgada somente após o encontro.

— Já temos seis confirmações entre democratas e republicanos. Parece que mais pessoas querem conversar conosco. O assunto já ganhou grande relevância lá, já que os estados americanos prejudicados estão pressionando seus deputados e senadores – afirmou o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e líder da delegação.

O parlamentar explicou que os nomes dos parlamentares envolvidos serão mantidos em sigilo para evitar pressões que possam atrapalhar a reunião.

– Estamos mantendo nossa agenda reservada para evitar qualquer contratempo que possa surgir. Isso faz parte da estratégia, pois nossa intenção é ajudar a resolver a situação e permitir que o Brasil retome sua normalidade.

A delegação inclui ainda Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, Tereza Cristina (PP-MS) e Marcos Pontes (PL-SP), ex-ministros do governo anterior de Jair Bolsonaro, além dos senadores Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL) e Esperidião Amin (PP-SC). A missão oficial acontece entre os dias 28 e 30 de julho.

Na segunda-feira, os senadores tiveram encontro com representantes do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Na manhã seguinte, participaram de um café na residência da embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, que contou com a presença do ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo.

Estão previstos também encontros com empresários dos dois países. Por outro lado, não haverá reunião com membros do governo de Trump.

No começo de julho, Trump enviou uma carta ao presidente Lula anunciando a taxa de 50% para produtos brasileiros, relacionando a medida ao processo conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro por tentar articular um golpe para permanecer no poder.

A delegação é composta por senadores da oposição e da base do governo Lula. Recentemente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou a ida dos senadores aos EUA, qualificando-a como um “desrespeito claro à carta do presidente Trump”.

Para Eduardo, a única forma de reverter a tarifa alta é aprovar uma anistia ampla e irrestrita para os acusados de atos golpistas, o que beneficiaria diretamente seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Entre os pontos apresentados à autoridades americanas, está o fato de que o Brasil é o terceiro país com maior superávit comercial com os EUA, atrás apenas da Austrália e Reino Unido, e o principal entre as nações em desenvolvimento, o que significa que o Brasil exporta muito mais para os EUA do que importa.