Economia
PIB da zona do euro cresce pouco com desafios comerciais

O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro aumentou ligeiramente, registrando crescimento de 0,1% no segundo trimestre do ano, conforme informou a agência oficial de estatística europeia, Eurostat, nesta quarta-feira (30).
Esse desempenho foi impulsionado principalmente pelos bons resultados da França e da Espanha, que superaram as expectativas, enquanto a Alemanha e a Itália apresentaram uma pequena queda.
No começo do ano, o PIB da região havia crescido 0,6%, com a Irlanda apresentando um resultado surpreendente.
Para os próximos meses, a Eurostat destacou o progresso da Espanha, que teve uma expansão de 0,7%, sendo o país com melhor desempenho, seguida por Portugal, com 0,6%.
A França registrou um aumento de 0,3% no PIB.
Franziska Palmas, da consultoria Capital Economics, comentou: “A Espanha continua apresentando um crescimento expressivo, com o PIB aumentando 0,7%, graças ao forte consumo das famílias e ao investimento”.
Por outro lado, duas das maiores economias do bloco, Alemanha e Itália, registraram recuos modestos, estimados em -0,1% pela Eurostat.
A Irlanda, que no primeiro trimestre impulsionou o crescimento com um salto de 7,4%, sofreu uma queda de 1,0% no segundo trimestre.
Repercussões do Acordo Comercial
A principal preocupação atualmente é como o novo acordo comercial com os Estados Unidos, vigente a partir de agosto, vai impactar a economia da zona do euro.
Esse acordo impõe uma tarifa americana de 15% sobre vários produtos exportados pela União Europeia, percentual que representa a metade da taxa inicialmente ameaçada de 30%, mas que ainda assim terá efeitos relevantes.
De acordo com Franziska Palmas, “essa tarifa de 15% pode reduzir cerca de 0,2% do PIB na região”, e por isso ela acredita que “é provável que o crescimento permaneça fraco no restante do ano”.
Outro analista da Capital Economics, Jack Allen-Reynolds, observou que a expansão econômica de 0,1% ficou um pouco acima das expectativas que previam crescimento zero.
Segundo Allen-Reynolds, as pesquisas sobre a confiança empresarial da Comissão Europeia foram realizadas antes do acordo comercial com os Estados Unidos.
Bert Colijn, economista do banco ING, destacou que o desempenho do segundo trimestre demonstra “resiliência” da economia do bloco.
Ele comentou: “O modesto crescimento de 0,1% em comparação com o trimestre anterior indica resistência, mesmo diante da instabilidade comercial com os Estados Unidos”.
Colijn acrescentou que, embora não se esperem milagres a curto prazo, sinais de recuperação começam a aparecer.
Ele também afirmou: “Acreditamos que o impacto macroeconômico do acordo será pequeno, mas representará um peso adicional para uma economia com baixo crescimento potencial”.
Além disso, antes da implementação do acordo, os exportadores da UE aumentaram significativamente seus envios para o mercado americano.
O economista Hugh Lindt, do Centro de Pesquisas Econômicas e Empresariais, indicou que “a tarifa de 15% continuará a influenciar negativamente o crescimento das exportações”.
As perspectivas para o restante do ano seguem moderadas, com expectativa de aceleração do crescimento em 2026, apoiada em uma política monetária mais flexível neste ano.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login