Atos de apoios a Bolsonaro reúnem mais de 37 mil na Paulista, segundo USP

O Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a ONG More in Common, estimou que cerca de 37,6 mil pessoas participaram da manifestação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo (3/8).

A organização do evento, liderada pelo pastor Silas Malafaia, que fez um discurso em um trio elétrico no cruzamento da Avenida Paulista com a rua Peixoto Gomide, ainda não divulgou números oficiais do público presente. A Polícia Militar de São Paulo também não apresentou estimativa oficial.

Margem de erro e metodologia

A estimativa possui uma margem de erro de 12%, o que indica que o público real pode variar entre 33,1 mil e 42,1 mil pessoas. O cálculo foi realizado no momento de maior concentração, às 15h33, com base em imagens aéreas analisadas por um software de inteligência artificial. Para referência, o ato bolsonarista realizado em 29 de junho reuniu cerca de 12,4 mil participantes, conforme dados da USP.

A USP aplicou a técnica Point to Point Network (P2PNet), criada por pesquisadores da Universidade de Chequião, na China, e pela empresa Tencent. Este software foi treinado com fotografias de multidões anotadas provenientes da Universidade de Xangai e também de imagens brasileiras da própria USP.

O processo utiliza drones para capturar imagens aéreas da multidão e o software emprega inteligência artificial para identificar e marcar automaticamente as cabeças das pessoas, permitindo uma contagem precisa mesmo em áreas densamente povoadas.

Sobre o ato na Paulista

Com o lema “Reaja, Brasil”, o ato serviu para a reação da direita diante do julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal relacionado à tentativa de golpe de Estado supostamente liderada por Jair Bolsonaro. Na semana anterior, o governo americano aplicou sanções da lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, impedindo sua entrada nos Estados Unidos e transações financeiras com companhias americanas.

Segundo os organizadores, a manifestação foi uma forma de reafirmar a presença da direita nas ruas, espaço tradicionalmente mais utilizado pela esquerda antes da era bolsonarista. Importante mencionar que Jair Bolsonaro não esteve presente, devido a restrições judiciais, e também não contaram com a presença de governadores. O governador Tarcísio de Freitas esteve ausente por motivo de procedimento médico.

Por outro lado, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), marcou presença no evento. Ele esteve ausente na última manifestação bolsonarista de 29 de junho, embora tenha participado e discursado em abril, sendo considerado um anfitrião na ocasião.

Análise das manifestações anteriores

Esta foi a oitava manifestação promovida pelo grupo central do bolsonarismo desde a saída de Jair Bolsonaro da Presidência em 2022. O evento deste domingo foi o primeiro sem a presença física do ex-presidente, que acompanhou as manifestações por videoconferência em razão das medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, que restringem seus deslocamentos nos fins de semana.