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Vereadores financiam eventos caros em São Paulo com emendas

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As emendas parlamentares dos vereadores da capital paulista sustentam uma cadeia milionária de eventos com custos exagerados organizados por entidades do terceiro setor e com fornecedores concentrados.

Em 2023, os vereadores paulistanos alocaram R$ 200 milhões (78%) dos R$ 256 milhões liberados em eventos esportivos, culturais e projetos sociais. Em contrapartida, obras nas suas regiões recebem apenas 11% das emendas, cerca de R$ 30 milhões, enquanto a saúde absorve 7% do total.

A análise das prestações de contas revela práticas que elevam artificialmente as despesas. Por exemplo, a Federação Estadual das Ligas de Esportes Amadores do Estado de São Paulo (Felfa-SP) logrou mais de R$ 8,5 milhões desde 2024, incluindo uma emenda de R$ 300 mil do vereador Marcelo Messias (MDB) para o patrocínio de torneios de videogame na periferia.

Este caso destaca custos altos com locação de equipamentos. A ONG gastou R$ 63 mil com diárias de 10 Playstations 4, cobrando R$ 199 por diária, quando a compra dos consoles custaria cerca de R$ 3 mil cada. Também foram investidos R$ 70 mil em gerador e valores significativos em técnicos e fotógrafa.

Na Vila Prudente, a mesma entidade executou o programa Skate Para Todos com uma emenda de R$ 600 mil da vereadora Edir Sales (PSD). Foram gastos R$ 163,8 mil na locação de peças para montar 30 skates, valor suficiente para adquirir 320 unidades, e R$ 81,9 mil em cobertura fotográfica. Vários funcionários atuam em múltiplos projetos da entidade.

Os fornecedores se repetem, como a Dmix Eventos, sediada no Jardim Sapopemba, que presta diversos serviços para a Felfa-SP, e empresas associadas como Gabii Eventos e Shalom Eventos, que tiveram endereços e operações relacionados.

Projetos esportivos apoiados por emendas contratam inúmeras funções, algumas justificadas com analogias e termos peculiares para justificar gastos elevados, como no caso do projeto da Liga Master de Futebol Amador financiado por emenda do vereador Gilson Barreto (MDB).

Também são constantes altos custos com aluguel de tatames para artes marciais, prática adotada pela Confederação Brasileira de Karatê Interestilos (CBKI), que defende o modelo diante dos custos e da garantia de manutenção e substituição dos materiais.

As entidades justificam os valores e práticas apontando aprovações técnicas e critérios previstos nos editais e contratos públicos, além de alegar eficiência operacional e histórico comprovado. Fornecedores garantem conformidade com normas e contratos vigentes.

A Secretaria Municipal de Esportes e Lazer afirmou que segue a legislação e prepara uma tabela de preços detalhada para maior controle e fiscalização dos recursos destinados ao esporte.

O vereador Marcelo Messias destacou seu compromisso com o acesso ao esporte e cultura especialmente na periferia, esclarecendo que não acompanha minuciosamente todos os detalhes técnicos dos projetos e se coloca à disposição para esclarecimentos.

A assessoria da vereadora Edir Sales comentou que as emendas indicadas são para instituições que apresentam seus planos, as quais devem executar os recursos conforme as leis e normas municipais.

O espaço permanece aberto para manifestações dos envolvidos para esclarecer qualquer dúvida.

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