Manifestação na Paulista foca em anistia para bolsonaristas

A anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aos envolvidos nas invasões às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 foi o destaque dos discursos durante o ato bolsonarista realizado na Avenida Paulista, no domingo (3/8).

Este foco aponta a direção da atuação dos bolsonaristas no Congresso Nacional, que retornou do recesso na sexta-feira (1º/8). Os apoiadores de Jair Bolsonaro devem intensificar as negociações para que o projeto da Lei de Anistia entre na pauta.

Em abril, manifestantes já haviam se reunido na Paulista com a anistia como tema central. Após isso, outros dois atos em defesa do ex-presidente aconteceram em Brasília e São Paulo, usando o slogan “Justiça Já”, em referência ao avanço do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).

No último domingo, o pedido pela anistia foi destacado em discursos de deputados, como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Marco Feliciano (PL-SP). O deputado de Minas Gerais chegou a mencionar o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que afirmou não pautar a anistia, apesar de reconhecer o apelo bolsonarista para reduzir a severidade das penas.

“Não estou pedindo aprovação, pois não é seu poder. Estou pedindo apenas para pautar a anistia, pois o resto vamos resolver nós mesmos”, declarou Nikolas Ferreira se dirigindo ao presidente da Câmara.

Já o pastor Marco Feliciano lembrou das sanções do governo dos EUA contra as exportações brasileiras e o ministro Alexandre de Moraes, do STF, reforçando que somente a anistia pode resolver a situação. “Só existe uma moeda de troca. Não adianta enviar senadores aos Estados Unidos, pois a moeda de troca já foi dada: anistia já”, enfatizou.

Ausência de presidenciáveis

O pastor Silas Malafaia criticou a ausência de figuras presidenciáveis no ato realizado na Avenida Paulista. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não compareceu devido a um procedimento cirúrgico na tireoide no mesmo horário do evento.

Outros governadores cotados para as eleições presidenciais — como Ratinho Junior (PSD), do Paraná, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás — também não estiveram presentes.

Além disso, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), também nomeada como uma possível candidata da direita, participou de ato em Belém (PA), cumprindo agenda do PL Mulher. “Cadê aqueles que dizem ser a opção no lugar de Bolsonaro? Era para estarem aqui, minha gente. Isso prova que, até agora, Bolsonaro é insubstituível”, afirmou o pastor a partir do trio elétrico situado na esquina da Avenida Paulista com a rua Peixoto Gomide.

O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro não compareceu devido às medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes em 18 de julho, que incluem restrições como a proibição de sair de casa nos finais de semana e o uso de tornozeleira eletrônica. Jair Bolsonaro participou do ato por meio de chamada de vídeo.

Manifestações anteriores na Paulista

Este ato de domingo foi o quinto realizado na Avenida Paulista em defesa de Jair Bolsonaro desde que deixou o Palácio do Planalto.

Segundo o Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), da USP, o evento reuniu 37,6 mil pessoas — mais que o triplo da manifestação anterior, que contou com 12,4 mil participantes em 29 de junho.

Antes disso, em 6 de abril deste ano, 44,9 mil pessoas participaram de manifestação na Paulista. No ano anterior, em 7 de setembro, a presença foi de 45,4 mil pessoas.

A maior concentração foi registrada em 25 de fevereiro de 2024, quando 185 mil pessoas se manifestaram em apoio a Jair Bolsonaro.

O Monitor do Debate Político do Cebrap, da USP, é a única organização que acompanhou todos os atos bolsonaristas na Paulista utilizando metodologia consistente.