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Israel comete genocídio, colonização e segregação, alerta Ilan Pappe
Ilan Pappe, historiador israelense crítico do sionismo, destaca a importância de usar termos precisos para descrever a situação na Faixa de Gaza. Em um evento na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), ele classificou as ações de Israel como genocídio, colonização, limpeza étnica e apartheid.
Segundo Pappe, denominar corretamente esses eventos é crucial para compreendê-los, não só no contexto recente, mas ao longo dos últimos 140 anos. Ele é professor na Universidade de Exeter, na Inglaterra, e critica a distorção na linguagem utilizada pela mídia e instituições, que alimenta mitos e justifica as políticas israelenses contra os palestinos.
Ele observa que a história da Palestina é muitas vezes mal apresentada, especialmente nas universidades do Hemisfério Norte, que raramente abordam o sionismo como um projeto colonial, nem as resistências palestinas como movimentos anticoloniais. Pappe ressalta que a Europa trata Israel como parte dela, o que reduz as chances de haver intervenções internacionais para proteger os direitos dos palestinos.
O país, afirma o historiador, nasceu como uma resposta europeia ao antissemitismo, à custa da população árabe palestina. Para enfrentar essa realidade, ele defende que o tema seja estudado profundamente.
Ele define a limpeza étnica como uma ideologia, não apenas uma política, e enfatiza a necessidade de analisar a ligação entre o sionismo e o genocídio para impedir futuras agressões do Estado israelense contra os palestinos.
O projeto sionista foi inicialmente apresentado como um movimento de retorno e redenção, mas na prática foi uma colonização. Pappe destaca que os palestinos foram muitas vezes erradamente descritos como nômades indiferentes, quando na verdade são vítimas de limpeza étnica e colonização.
Apesar das imagens chocantes vindas de Gaza, o uso da linguagem correta ainda encontra resistência. Acadêmicos que denunciam o genocídio palestino enfrentam ameaças e são rotulados injustamente.
No entanto, Pappe reconhece que a sociedade civil e alguns acadêmicos em diferentes países têm promovido uma nova compreensão da situação. Ele se mostra esperançoso ao ver que na USP se utiliza a terminologia adequada para discutir a Palestina, embora alerte para o risco de retrocessos.
O encontro também reuniu importantes defensores da causa palestina, entre eles Arlene Clemesha, diretora do CEPal-FFLCH/USP; Francisco Rezek, ex-ministro do STF; Paulo Casella, professor e membro do Fórum Permanente sobre Genocídios e Crimes contra a Humanidade da USP; Paulo Sérgio Pinheiro, professor e ex-ministro da Secretaria de Estado de Direitos Humanos; Soraya Misleh, líder da Frente Palestina São Paulo; Júlia Wong, presidenta do Centro Acadêmico XI de Agosto; e Maira Pinheiro, advogada. Essas vozes denunciaram a colonização sionista, limpeza étnica, apartheid, ocupação militar e o atual genocídio em Gaza.

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