Motta afirma que opiniões na Câmara sobre punições do 8 de janeiro são exageradas

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou nesta sexta-feira que existe um sentimento entre alguns parlamentares de que certas penalidades impostas pela participação nos eventos golpistas do dia 8 de janeiro foram excessivas.

“Percebo que há uma opinião na Casa de que, mesmo as assinaturas apoiando o projeto de anistia, muitos não concordam com as punições severas aplicadas a crimes considerados menos graves, e que algumas pessoas continuam cumprindo pena até hoje”, afirmou Motta à CNN.

Entretanto, o presidente mencionou o receio em aprovar uma anistia ampla e irrestrita, já que parte das investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) envolve a apuração de planos terroristas e ameaças a autoridades.

“Não vejo vontade dos parlamentares em perdoar aqueles envolvidos nesses atos graves. O sentimento predominante é de compreensão para com as pessoas mais humildes que participaram do movimento, mas não cometeram delitos graves e receberam punições desproporcionais”, declarou Motta.

Ele também salientou que não acredita haver um ambiente favorável no Parlamento para anistiar crimes graves, como o planejamento de assassinatos, e destacou que uma possível alternativa legislativa para os que cometeram delitos menos sérios poderia atender à maioria dos deputados. Segundo ele, essa proposta deve ser discutida e acordada no colégio de líderes para que avance.

Protesto no plenário

Na mesma entrevista, Motta afirmou que irá defender uma punição educativa para deputados da oposição que ocuparam o plenário há dois dias em protesto contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar destacou que o grupo ultrapassou todos os limites aceitáveis. A Mesa Diretora está avaliando a situação em reunião nesta tarde.

“Acredito que deve haver uma punição, pois o que ocorreu foi grave e importante para evitar que se repita. Não podemos aceitar tais ações e é fundamental adotarmos uma postura educativa nessa situação”, declarou Motta.

Ele afirmou ainda que a opinião de que a oposição ultrapassou os limites é dominante entre os parlamentares. Motta qualificou o episódio como muito sério e ressaltou que nunca tinha testemunhado um ato dessa natureza no Legislativo.