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EUA apoiam discretamente plano de Israel para Gaza
Para Donald Trump, é Israel quem deve decidir o que fazer na Faixa de Gaza, e por isso Washington parece estar oferecendo seu apoio, ainda que de forma implícita, ao projeto israelense de ampliar a ofensiva contra o Hamas no território palestino.
Enquanto diversas capitais europeias e árabes pediam nesta sexta-feira (8) que Benjamin Netanyahu repensasse sua decisão de “assumir o controle” da cidade de Gaza, Trump sinalizou nesta semana autorização para o primeiro-ministro israelense, mesmo que isso soe contrário à opinião da comunidade internacional.
Após quase dois anos de um conflito devastador, o gabinete de segurança de Israel aprovou na madrugada desta sexta-feira a estratégia de Netanyahu para derrotar o Hamas, o grupo islamista palestino que iniciou a guerra em Gaza com seu ataque em 7 de outubro de 2023 contra o sul de Israel.
Antes do anúncio israelense, quando jornalistas na Casa Branca perguntaram a Trump se ele apoiaria o plano de ocupação, o presidente respondeu que estava focado em aumentar a ajuda humanitária a Gaza, que enfrenta uma séria crise alimentar, conforme reconheceu.
“Quanto ao restante, a verdade é que não posso dizer; isso dependerá em grande parte de Israel”, declarou o presidente.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, expressou mesma posição ao canal católico EWTN, afirmando: “No fim das contas, o que Israel precisar fazer por sua segurança será decidido por Israel”.
Esses comentários refletem a estratégia dos Estados Unidos: desde o fracasso das negociações entre Israel e Hamas para um cessar-fogo em Gaza, Washington tem adotado a linha de Israel, especialmente após visita do emissário americano para o Oriente Médio, Steve Witkoff, na semana passada.
Não foram divulgados detalhes do encontro de Witkoff com Netanyahu, mas é difícil imaginar que ele não tenha sido informado sobre os planos israelenses.
Eliminação do Hamas
Apesar dos EUA aumentarem a pressão para que Israel permita mais entrada de ajuda humanitária em Gaza, também exigem a libertação de todos os reféns israelenses mantidos pelo Hamas e a completa destruição do grupo islamista.
“Nossos objetivos são muito claros”, disse nesta sexta-feira o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, durante conversa com o secretário de Relações Exteriores britânico, David Lammy.
“Queremos garantir que o Hamas nunca mais ataque civis israelenses e acreditamos que isso deve ser alcançado eliminando o Hamas”, afirmou.
Desde que voltou ao cargo em janeiro, Trump tem apoiado fortemente Israel. No entanto, parece ter desistido de mediar um cessar-fogo após várias tentativas frustradas, especialmente depois da queda das negociações em Doha no mês passado, quando o Hamas recusou liberar os prisioneiros.
O Hamas ainda mantém 49 reféns israelenses desde o ataque de outubro de 2023, dos quais 27 são considerados mortos.
Resistência
O embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee, conhecido por suas declarações fortes, rejeitou as críticas aos planos de Israel para Gaza.
“Então espera-se que Israel se renda ao Hamas e os alimente, mesmo com os reféns israelenses morrendo de fome?”, questionou nas redes sociais.
“O Reino Unido se rendeu aos nazistas e lhes deu comida?”, respondeu em direção ao primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que qualificou de erro a intensificação da ofensiva israelense em Gaza.
Em entrevista ao EWTN, Rubio afirmou: “Enquanto o Hamas existir, especialmente como organização armada, não haverá paz em Gaza”.
Ele entende por que a fome sofrida pelos palestinos em Gaza recebe tanta atenção na mídia, mas lamenta a falta de foco na difícil situação dos reféns israelenses.
Recentemente, os EUA criticaram severamente iniciativas internacionais lideradas pelo presidente francês, Emmanuel Macron, para reconhecer formalmente um Estado palestino. Segundo o governo de Trump, tais ações apenas encorajam o Hamas e não contribuem para sua rendição, que é a meta tanto de Washington quanto de Israel.

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