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Arthur Lira atua para solucionar conflitos na Câmara
Mais de cinco meses após deixar a presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) continua influente entre seus colegas, equilibrando apoios tanto ao governo Lula quanto aos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foi a Lira que a oposição recorreu para mediar um acordo que desbloqueou o plenário, permitindo que o presidente atual, Hugo Motta (Republicanos-PB), reassumisse o cargo.
Líderes do grupo que paralisou a Câmara por dois dias buscaram Lira antes de uma reunião com Motta. No dia anterior, o ex-presidente da Casa havia manifestado apoio aos bolsonaristas ao criticar a prisão domiciliar de Bolsonaro.
No gabinete do deputado, opositores ouviram um pedido para suspender o protesto e retomar os trabalhos. Em troca, teriam suporte em pautas importantes para o grupo, como o fim do foro privilegiado e a anistia para os acusados pela tentativa de golpe. Essas demandas são chave para os bolsonaristas, que querem tirar o ex-presidente, réu na trama golpista, do alcance do STF.
Ao mediar o acordo, Lira adicionou uma série de propostas para proteger parlamentares de investigações judiciais. A chamada PEC da Blindagem estabelece a necessidade de autorização do Legislativo para investigar congressistas, além de restringir prisões a casos de flagrante ou crimes sem possibilidade de fiança.
Embora tenha tentado avançar durante sua presidência, Lira recuou diante da oposição, como a do então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), contrário a evitar investigações contra cidadãos. Agora, sem o peso do cargo, ele aproveita o momento para buscar mais apoio à PEC da Blindagem, que deve ser discutida e votada em breve.
Mesmo fazendo acenos aos bolsonaristas, a negociação beneficiou o governo, que agora tem a Câmara livre para votar propostas prioritárias, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma meta considerada principal pelo presidente Lula para sua reeleição.
Lira relatou o projeto, que precisa ser aprovado até setembro para valer em 2026. No mesmo dia, o presidente anunciou a indicação da procuradora Maria Marluce Caldas para o STJ, parte de um acordo eleitoral no estado de Alagoas envolvendo o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), que se comprometeu a não concorrer nas próximas eleições.
Lira estava preocupado com possíveis traições do prefeito, seu aliado, disputando uma vaga ao Senado com seu principal adversário, Renan Calheiros (MDB-AL). O deputado deve buscar a migração para outra casa legislativa no próximo ano.
Segundo o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), da executiva nacional do partido, Lira mantém forte influência tanto para ajudar quanto para dificultar acordos, dado seu alinhamento com o governo e o acordo para o Senado com o prefeito e sua tia indicada ao STJ.
O papel de Lira nas negociações gerou comentários sobre o desgaste de Motta, que não participou das tratativas. Perguntado, o presidente negou envolvimento e minimizou sua exclusão das conversas, ressaltando que Lira e outros líderes atuaram para o bem da Casa em momentos delicados.
Punição a parlamentares
O corregedor da Câmara, Daniel Coronel (PSD-BA), deve apresentar em breve os pareceres sobre processos disciplinares contra deputados que bloquearam as atividades da Casa. A reunião com o presidente Motta e a Mesa Diretora está prevista para discutir o assunto. Pelo menos 14 congressistas, alvo das representações, poderão ter seus mandatos suspensos por até seis meses.

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