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Economia

EUA criticam Brasil por agir contra golpe eleitoral

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Durante uma palestra no Senado, o escritor norte-americano Steven Levitsky, famoso pelo livro “Como as Democracias Morrem”, classificou como “irônico” o fato do governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump na época, condenar o Brasil por tomar medidas que, na visão dele, os americanos deveriam ter adotado.

Ele se referiu ao caso judicial em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é acusado no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentar um golpe para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022, o que resultou na invasão dos prédios dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.

Esse evento foi comparado à invasão do Capitólio por apoiadores de Trump em Washington em janeiro de 2021, após sua derrota eleitoral, pela qual ele não sofreu penalizações.

“A grande contradição é que os Estados Unidos estão hoje penalizando o Brasil por fazer aquilo que os americanos deveriam ter feito. Como cidadão dos EUA, sinto vergonha dessa situação”, declarou Levitsky em Brasília, no dia 12.

Desde o começo de julho, Trump vem adotando medidas contra o Brasil, supostamente como retaliação para que o processo contra Bolsonaro no STF seja encerrado.

Dentre as ações, Trump implementou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, iniciou investigações sobre supostas práticas comerciais injustas do Brasil e aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no Supremo.

O cientista político e professor de Harvard traçou uma comparação entre as respostas das instituições dos dois países diante das tentativas de golpe.

“As instituições americanas falharam sistematicamente em deter Trump”, destacou, afirmando que nem a Suprema Corte nem o Congresso americano aplicaram as penalidades previstas pela Constituição que impediriam um participante de golpe de se candidatar novamente.

“O destaque no caso brasileiro é a atuação da Suprema Corte. Enquanto a corte americana atrapalhou os esforços para barrar Trump, a brasileira tem adotado uma postura firme para processar Bolsonaro. Essencialmente, eles são os defensores da democracia contra Bolsonaro”, concluiu Levitsky.

Ele reconheceu que o STF enfrenta críticas por sua atuação em questões constitucionais não tratadas pelo Legislativo e Executivo, mas reforçou que, na avaliação dele, o Supremo fez “o correto ao proteger a democracia de forma vigorosa” ao longo dos últimos sete anos.

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