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7 pontos para entender a defesa de Bolsonaro no STF

Em um extenso documento de 197 páginas, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou as alegações finais nesta quarta-feira no processo que investiga sua suposta participação em uma trama golpista. Nos memoriais, última chance de defesa escrita antes do julgamento, os advogados expuseram os principais argumentos para sustentar sua posição.
A defesa não se limitou a rebater as acusações, mas pôs em xeque a legitimidade do processo, buscando também afastar o ex-presidente dos atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-mandatário invadiram e depredaram prédios públicos em Brasília.
1. Questionamento da legitimidade da investigação
Desde o começo, Bolsonaro e sua defesa têm questionado a validade do processo, incluindo a competência da Primeira Turma e a imparcialidade do Ministro Alexandre de Moraes, argumentos já rejeitados pelo STF em outros julgamentos. Nas alegações finais, os advogados pedem reconhecimento do cerceamento de defesa, devido à dificuldade de acesso às provas e ao tempo insuficiente para análise, agravado pela fragmentação das denúncias e restrição à atuação em audiências.
Os defensores ressaltam que, se a polícia federal e a PGR tiveram acesso a todos os dados, a defesa também deveria ter acesso completo e tempo adequado para examiná-los.
2. A controvérsia sobre a ‘minuta do golpe’
A defesa contesta a validade da chamada “minuta do golpe”, documento encontrado na casa do ex-ministro Anderson Torres e no celular do tenente-coronel Mauro Cid, que previa medidas como o estado de sítio. Eles alegam que se trata de um documento apócrifo, discutido no contexto de alternativas constitucionais para a eleição de 2026, sem execução prática.
Durante a investigação, surgiram diferentes versões da minuta, mas nenhuma foi formalmente apresentada nos autos, nem testemunhas ou delatores confirmaram tê-la visto ou lido.
3. Contestação da delação de Mauro Cid
A defesa tenta descreditar a colaboração premiada de Mauro Cid, peça-chave na acusação que liga Bolsonaro ao planejamento do golpe. Alegam que seus depoimentos são inconsistentes e que a delação foi feita para obter benefícios pessoais, sem voluntariedade verdadeira, segundo os advogados.
4. Sobre as reuniões com os comandantes das Forças Armadas
As reuniões do ex-presidente com os comandantes das Forças Armadas entre a eleição e posse de Lula também foram alvo de críticas da defesa. Enquanto os ex-comandantes alegaram que foi discutida a “minuta do golpe”, Bolsonaro negou planos golpistas, dizendo que apenas tratou de alternativas constitucionais e que não havia clima para golpe.
A defesa argumenta que a discussão sobre decreto de estado de defesa é constitucional e que, se houvesse intenção de golpe, o ex-presidente deveria ter iniciado formalmente os protocolos legais para isso.
5. Transição de poder pacífica
A equipe de defesa destaca que o governo Bolsonaro agiu para garantir a transição ordenada ao governo Lula, o que contraria a hipótese de tentativa de golpe. Como exemplo, citam a posse antecipada dos novos comandantes das Forças, prova de que o ex-presidente assegurou a troca de governo de forma eficaz.
6. Ausência no dia 8 de janeiro
Outro ponto da defesa é que Bolsonaro estava fora do país no dia 8 de janeiro, dez dias antes da invasão dos prédios públicos, tornando impossível que ele tenha organizado os atos. Antes da viagem, ele teria condenado toda violência em uma transmissão ao vivo.
A defesa reforça que, quando partiu do país, os acampamentos já estavam desmobilizados e que ele assegurou uma transição pacífica e eficaz do governo.
7. Alegação de inexistência de crime
Por fim, a defesa sustenta que não houve crime, pois a tentativa de golpe não se concretizou e nenhum ato ultrapassou a fase de preparação. Segundo os advogados, para configurar crime é necessária violência ou grave ameaça, o que não ocorreu. Celso Vilardi, advogado de Bolsonaro, destacou que atos políticos e críticas a sistemas são manifestações de opinião protegidas.
A defesa reitera que as ações atribuídas ao ex-presidente limitam-se à esfera do debate político e não podem ser consideradas criminosas.

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