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Bolsonaro nega tentativa de golpe e discute ‘considerandos’ sobre medidas excepcionais

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro submeteu nesta quarta-feira as alegações finais na ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga uma suposta tentativa de golpe para mantê-lo no poder. Durante o processo, Bolsonaro apresentou diversas versões sobre os acontecimentos dos meses que antecederam seu afastamento do cargo.
Em depoimento no dia 10 de junho ao STF, Bolsonaro declarou que não havia “clima”, “oportunidade” ou uma base consolidada para qualquer tentativa golpista no país.
Na ocasião, o ex-presidente relatou ter consultado comandantes das Forças Armadas para explorar alternativas jurídicas para contestar os resultados das eleições após sua derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022. Ele admitiu discussões com auxiliares acerca da possibilidade de adotar instrumentos como o Estado de Sítio ou a Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
— Golpe não se constitui por meia dúzia de pessoas, alguns generais e coronéis. O que ocorreu depois do meu governo, em 8 de janeiro, sem armamento, sem estrutura financeira e sem liderança definida, não pode ser considerado golpe — afirmou Bolsonaro. — Nunca houve da minha parte qualquer intenção golpista, algo totalmente repudiável. É fácil começar, mas as consequências posteriores são imprevisíveis.
No mesmo interrogatório, questionado sobre uma minuta golpista mencionada na delação de seu ex-ajudante de ordens, Bolsonaro afirmou nunca ter tido acesso ao documento.
— Em uma reunião, discutimos a aplicação da GLO devido às paralisações dos caminhoneiros, pensando no que poderia acontecer com as manifestações. Como comentou o general Freire Gomes, analisamos possibilidades dentro dos limites da Constituição. A discussão não teve força e nada prosseguiu. A ideia de algum estado de sítio foi levantada por alguns, mas foi descartada — pontuou.
Discussão sobre ‘considerandos’
Bolsonaro reconheceu ter participado de uma reunião no Palácio da Alvorada com comandantes das Forças Armadas, na qual foram exibidos documentos denominados “considerandos”, apresentando análises da situação do país. Na época, apoiadores do seu governo faziam vigília em quartéis e caminhoneiros bloqueavam estradas, pedindo intervenção militar.
— Os considerandos foram mostrados rapidamente e não houve nenhum tipo de entusiasmo da nossa parte para medidas excepcionais. Existia o sentimento de que nada poderia ser feito e que precisávamos aceitar a situação — declarou o ex-presidente.
Ele também negou ter revisado a minuta golpista da qual seu ex-assistente falou, frisando que ajustes para sugerir prisão à autoridades não foram discutidos.
— Não foram tratados temas como prisão ou ataques a autoridades nas nossas reuniões. Eu mesmo gostaria de ter tido acesso ao documento para debater, mas não me foi disponibilizado. As conversas foram informais e não houve deliberações oficiais. Exploramos possibilidades constitucionais, mas nada avançou — reiterou.
8 de janeiro
Bolsonaro ressaltou que não tinha relação com os acampamentos em frente aos quartéis realizados no final de 2022, onde manifestantes clamavam por intervenção militar e o retorno do Ato Institucional nº 5.
— Sempre existem alguns extremistas que pedem AI-5 ou intervenção militar, mas isso não foi estimulado por nós — enfatizou.
Ele também defendeu que a Polícia Federal investigue os organizadores dessas manifestações, considerando-os um grupo conservador distinto do seu público habitual.
— Não compreendo o motivo de a Polícia Federal não ter investigado esses organizadores para identificar quem estava por trás dos atos de 8 de janeiro em Brasília. Essas pessoas se retiraram deixando os manifestantes no local. Jamais colaborei com aquela confusão, que repudiamos desde sempre — concluiu.

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