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Justiça já, diz irmã de Miguel Uribe após seu assassinato

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María Carolina Hoyos enfrentou a perda da mãe pela violência causada por Pablo Escobar e, passadas três décadas, viu seu irmão, um candidato à presidência, ser assassinado. Após o trágico episódio que vitimou Miguel Uribe, ela clama por justiça e por um país pacífico, em entrevista à AFP em Bogotá.

Com semblante cansado e vestida de luto, a comunicadora de 53 anos descreve os últimos dias como extremamente dolorosos, mas deseja lembrar do senador opositor como um verdadeiro guerreiro que sempre buscou dar o seu melhor.

Seu irmão faleceu aos 39 anos, no último dia 11, devido a ferimentos de bala na cabeça em um violento atentado ocorrido em junho. Sua morte reacende as feridas de uma família e de uma nação marcada por conflitos e ataques políticos das décadas de 1980 e 1990.

Embora tenham pais diferentes, ambos são filhos da renomada jornalista Diana Turbay, sequestrada por ordem de Escobar e morta durante uma tentativa de resgate em 1991. Na época, ela tinha 17 anos e Miguel apenas 5. São também netos do ex-presidente Julio César Turbay (1978-1982).

María Carolina Hoyos seguiu os passos da mãe, formando-se em jornalismo, e atuou por seis anos como vice-ministra de Tecnologias da Informação no governo de Juan Manuel Santos (2010-2018). Atualmente preside a fundação de sua avó, Nydia Quintero, falecida pouco depois do ataque que deixou Uribe em estado crítico.

Trechos da entrevista

Pergunta: Como têm sido os últimos dias?

Resposta: Foram meses extremamente difíceis e desgastantes emocionalmente. Ver meu irmão na UTI foi muito doloroso. Enterrar minha avó e também meu irmão foi uma grande dor.

Pergunta: Como deseja que o mundo lembre de seu irmão?

Resposta: Miguel foi um verdadeiro guerreiro. Lutou bravamente pela sua vida nos últimos meses e sempre buscou enfrentar seus desafios com ideias, disciplina e estudo. Ele foi um exemplo de dedicação e compromisso na luta contra a violência, propondo um país mais justo e pacífico.

Pergunta: Quais são suas primeiras recordações dele?

Resposta: Lembro quando fomos ao laboratório para confirmar a gravidez da minha mãe. A felicidade era imensa. Miguel nasceu lindo e se tornou meu príncipe, trocando minhas brincadeiras por cuidar dele.

Pergunta: E sobre sua mãe?

Resposta: Durante o governo do presidente César Gaviria, minha mãe foi sequestrada por ordem de Pablo Escobar, devido ao tratado de extradição que meu avô havia assinado. Após seis meses em cativeiro, ela faleceu durante uma operação de resgate. Era uma mulher carinhosa, exigente e muito ligada à família. Sinto sua falta até hoje.

Pergunta: Qual mensagem a família quer passar após essa perda?

Resposta: Rejeitamos qualquer ato de violência relacionado à morte do meu irmão. Queremos transmitir uma mensagem de resiliência e trabalhar juntos pela paz na Colômbia, para que tragédias como essa não se repitam e para que a morte do meu irmão tenha um significado.

Pergunta: Como está o andamento da investigação?

Resposta: Confio nas instituições do país e espero que a justiça seja feita.

Pergunta: Qual o seu olhar sobre a situação atual da Colômbia?

Resposta: Infelizmente, nossa família não é a única a passar por isso. Meu irmão sonhava em unir o país e convocar diferentes forças para implementar sua visão de Estado. Fica seu legado de união, esperança e o desejo de um país seguro para todos.

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