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PF descobre esquema de corrupção na prefeitura de São Bernardo por acaso

A Polícia Federal encontrou de forma inesperada um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), em uma descoberta considerada um “encontro fortuito de provas”. Esse golpe de sorte, conhecido como “serendipidade”, refere-se a encontrar algo valioso por acaso.
Enquanto executava um mandado de prisão preventiva contra João Paulo Prestes Silveira, suspeito de lavagem de dinheiro, os policiais localizaram Paulo Iran Costa no endereço do acusado. A investigação iniciou-se no apartamento vinculado a um dos filhos de Silveira, na Avenida Dom Jaime de Barros Câmara.
Funcionários do condomínio e um marceneiro confirmaram que um homem chamado “Paulo” morava naquele local. Durante as diligências no dia 7 de julho, os agentes encontraram Paulo Iran Costa em um Jeep Compass, onde estavam entre R$ 60 mil e R$ 90 mil em dinheiro, além de uma sacola com a anotação “400”.
Inicialmente, Paulo Iran afirmou residir no condomínio, mas em outro apartamento, onde permitiu a entrada dos policiais, sem que nada ilegal fosse achado. No entanto, a equipe já possuía informação de que outro imóvel também pertencia a ele, e confrontado pela portaria, Paulo Iran admitiu ser dono do segundo endereço e consentiu as buscas.
Nesse segundo apartamento, foram apreendidos documentos, celulares, R$ 12.278.920,00 e US$ 156.964,00, o que levou à investigação que culminou no afastamento do prefeito Marcelo Lima (Podemos) devido a suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro.
Funcionamento do esquema em São Bernardo
Conforme a apuração da Polícia Federal, o esquema de repasses ilegais envolvia empresas contratadas pela prefeitura e pela Fundação ABC, que administra unidades de saúde pela cidade.
Empresas de diversas áreas, como saúde, tecnologia, limpeza e transporte, realizavam pagamentos para manter e conquistar contratos públicos milionários. Paulo Iran recebia essas quantias diretamente ou por intermédio de outros funcionários públicos, entre eles Antônio Rene da Silva Chagas (diretor na Secretaria de Coordenação Governamental), Fábio Prado (secretário de coordenação governamental), e Roque Araújo Neto, servidor da Câmara Municipal.
Também foram citados o vereador e presidente da Câmara Municipal Danilo Lima de Ramos, o ex-vereador Ary Oliveira e o ex-secretário municipal de administração Paulo Guidetti.
A prefeitura informou que colaborará integralmente com as investigações e ressaltou que o caso não prejudica os serviços públicos da cidade.
Por sua vez, o ex-vereador Ary Oliveira declarou desconhecer os motivos de sua menção e afirmou que recebera a equipe da Polícia Federal, prometendo se pronunciar após obter mais informações.
Paulo Iran segue foragido após ter sido alvo de mandado de prisão. Ele foi exonerado da Assembleia Legislativa de São Paulo, onde atuava como assessor do deputado Rodrigo Moraes (PL), que confirmou a exoneração imediatamente após tomar conhecimento da investigação.
Não foi possível contatar as defesas de Antônio Rene da Silva (que foi preso), Fábio Prado e Roque Araújo Neto. Outro preso na operação é Edmilson Carvalho, sócio da Terraplanagem Alzira Franco, empresa suspeita de realizar repasses para o esquema ilícito.

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