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Limite para mostrar crianças nas redes sociais

O vídeo sobre a adultização compartilhado pelo Felca destacou um debate relevante no mundo digital: os riscos da exposição de crianças e adolescentes nas redes sociais, tornando-os possíveis alvos de criminosos.
Como determinar o que evitar ao publicar conteúdo? E como identificar se as crianças estão vulneráveis pela forma como usam a internet? Existe um limite para essa exposição?
O Metrópoles conversou com a delegada Lisandréa Salvariego Colabuono, coordenadora do Núcleo de Observação e Análise Digital (NOAD) da Polícia Civil de São Paulo; com o psicólogo Rodrigo Nejm, especialista em educação digital e co-líder da área no Instituto Alana; e com a jornalista Michelly Antunes, líder de programas sociais da Fundação Abrinq, para esclarecer essas dúvidas.
Os especialistas ofereceram orientações para evitar problemas, enfatizando a importância do diálogo dos pais sobre os riscos da internet.
O que postar sobre os filhos?
A delegada Lisandréa Salvariego destaca que muitas imagens usadas para pornografia infantil são fotos comuns, como crianças trocando fraldas ou com roupas leves. Ela recomenda evitar compartilhar esse tipo de foto em redes abertas, pois não há um perfil específico que identifique quem pode ser um criminoso digital.
Michelly Antunes alerta sobre criminosos que manipulam imagens aparentemente inocentes para criar conteúdos ilegais. Ela sugere que os pais usem acessórios como óculos e chapéu e evitem fotos tiradas bem de perto, preferindo ângulos mais amplos.
Dicas do psicólogo
Para o psicólogo Rodrigo Nejm, o primeiro passo é refletir sobre a finalidade das fotos e vídeos: são para compartilhar apenas com família e amigos próximos? Ele recomenda criar álbuns privados e evitar publicar em feeds públicos.
Rodrigo destaca que muitas famílias não percebem que ao postar algo para amigos, na verdade, expõem as crianças para o mundo todo. Ele aconselha analisar: qual a intenção, a escala de compartilhamento e respeitar a vontade da criança. Caso haja dúvidas, é melhor não publicar.
Adolescentes e redes sociais
Rodrigo compara o acesso digital à introdução alimentar: deve ser gradual. Ele defende o diálogo para regular o uso das redes, explicando que o tempo online não assegura maturidade para lidar com riscos.
Ele sugere que os pais conversem para que os adolescentes usem contas específicas para menores, e escutem atentamente o que eles têm a dizer, evitando julgamentos.
Caso o adolescente resista a compartilhar seu feed, isso pode indicar problemas que requerem atenção.
Fale sobre os perigos
A delegada Lisandréa reforça a importância dos pais conversarem com os filhos sobre os riscos de postar fotos íntimas, explicando que uma vez publicadas, essas imagens são quase impossíveis de ser removidas.
Michelly destaca o papel das escolas no esclarecimento, mostrando que a internet é um espaço produtivo, mas que certas postagens podem ser usadas de forma inadequada.
Identificando problemas nas redes dos filhos
Rodrigo recomenda que os pais dialoguem primeiro, busquem ajuda profissional quando necessário e acionem órgãos competentes, como Conselho Tutelar, em casos de violência.
É possível definir limites?
Michelly afirma que é essencial estabelecer limites, pois o Brasil não possui regulamentação específica para ambientes digitais, tornando-os espaços públicos onde qualquer conteúdo pode circular indefinidamente.
Lisandréa ressalta que a adultização precoce, ou exposição inadequada da infância, não é saudável e pode abrir caminho para crimes contra crianças e adolescentes, reforçando que o limite deve ser pautado no bom senso, preservando a infância.

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