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Evo Morales comemora alto índice de votos nulos na Bolívia

O ex-presidente Evo Morales manifestou sua satisfação nesta segunda-feira (18) com o recorde alcançado pelo voto nulo nas eleições presidenciais da Bolívia, que atingiu um percentual histórico de 19,2%. Este movimento foi uma forma de protesto contra sua exclusão do pleito determinada por um tribunal.
Mais de 1,2 milhão de bolivianos optaram por anular seu voto no domingo, segundo a apuração de 95% dos votos.
Evo Morales ressaltou em sua conta X que o protesto teve um impacto claro: “Participamos da votação, mas não escolhemos nenhum candidato, e o povo demonstrou que a democracia não deve ser tratada como um mero processo burocrático”.
Nas eleições, o senador de direita radical Rodrigo Paz liderou com 32,1% dos votos válidos, seguido pelo ex-presidente de direita Jorge Quiroga com 26,8%. Eles disputarão o segundo turno em 19 de outubro.
Historicamente, nas seis eleições presidenciais desde 2002, o voto nulo variou entre 2,4% e 3,7%, destacando o valor excepcional do número registrado neste ano.
Evo Morales, que governou de 2006 a 2019, tentou disputar um quarto mandato, porém foi impedido por decisão judicial que limita reeleições consecutivas.
Desde outubro, o ex-presidente está refugiado em uma área rural na região do Trópico de Cochabamba, protegido por um grupo indígena. Ele enfrenta uma ordem de prisão por supostas acusações de tráfico de menor durante seu governo, que ele rejeita veementemente.
Na região de Cochabamba, seu reduto político mais forte, o voto nulo teve o pico de 32,8%, com mais de 400 mil eleitores anulando seus votos.
Além disso, conflitos internos entre Evo Morales e o atual presidente Luis Arce, seu antigo aliado, pelo controle do partido governista Movimento ao Socialismo enfraqueceram a esquerda e contribuíram para a derrota nas urnas. O ex-mandatário acabou deixando a legenda que liderou por vinte anos.
O cientista político Daniel Valverde, professor da Universidade Gabriel René Moreno, avalia que, se Evo Morales explorar a popularidade do voto nulo, poderá, a médio prazo, reorganizar sua base popular e seu projeto político.
Ele acrescenta que “não há dúvida que Evo Morales continuará relevante nos próximos tempos, atuando como uma figura política importante. No entanto, pelo seu perfil, parece que seu papel será mais de oposição e de obstrução, do que de atuação democrática construtiva”.

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