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Economia

Taxas futuras sobem em meio a instabilidade jurídica e tensão entre Brasil e EUA

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A percepção de instabilidade institucional aumentou ao longo desta terça-feira, 19, resultando na alta das taxas dos juros futuros, que atingiram seus valores mais elevados do dia, com uma inclinação maior da curva de juros. A Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, reportou que bancos já estão buscando pareceres no exterior para se protegerem de possíveis sanções vinculadas à Lei Magnitsky dos Estados Unidos, aplicada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Flávio Dino, ministro do STF, anulou na segunda-feira (18) uma medida cautelar da Justiça do Reino Unido que requeria que o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) desistisse de uma ação contra contratos entre escritórios ingleses e cidades brasileiras. Esta decisão foi vista como uma retaliação às limitações impostas a Moraes.

Após o encerramento das negociações, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 subiu de 13,95% para 14,145%, ultrapassando novamente 14%. O DI para janeiro de 2028 aumentou de 13,259% para 13,525%, e o DI de janeiro de 2029 avançou de 13,194% para 13,48%.

Na parte mais longa da curva, o DI janeiro de 2031 alcançou máxima intradiária de 13,75%, de 13,476% anteriormente. Já o DI para janeiro de 2033 subiu para 13,87%, de 13,621% no ajuste anterior.

Flávio Dino explicou que sua decisão limita-se à aplicação de ordens estrangeiras ao Brasil dentro do Poder Judiciário, sem envolver tribunais internacionais. Sobre a questão da ineficácia de leis estrangeiras em território nacional, ele afirmou que não há mais esclarecimentos a fazer. Ele também sugeriu que bancos que cumprirem a Lei Magnitsky poderiam enfrentar punições.

Um executivo bancário comentou à Broadcast que o setor enfrenta uma "tremenda insegurança jurídica". Há receios de que a lei possa impactar operações financeiras internacionais e que outros membros do STF e autoridades possam ser alvo de sanções. Após a divulgação das notícias, as taxas continuaram a subir, especialmente nos vencimentos intermediários e longos, atingindo picos intradiários.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a queda generalizada dos ativos brasileiros hoje representa uma venda maciça, motivada pelo aumento do risco institucional. Ele destacou que a questão não é sobre quem tem razão entre Brasil e EUA, mas sobre o risco de o Brasil enfrentar dificuldades para fazer negócios, prejudicando o desenvolvimento econômico e elevando as taxas de juros.

Com possíveis retaliações vindouras de Washington, os efeitos negativos sobre os ativos brasileiros podem ser mais duradouros. Sanchez afirmou que, mesmo com notícias positivas amanhã, as taxas de juros provavelmente não retornarão aos níveis anteriores, pois a situação atual é desfavorável, especialmente devido às tensões comerciais com os EUA.

Amanhã, será divulgada uma nova pesquisa Genial/Quaest sobre a avaliação do governo atual, às 7h, que pode ter contribuído para o aumento dos juros futuros.

Também foram divulgados dois índices de inflação hoje: o IPC da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que mede a inflação na cidade de São Paulo, e o IPC-S Capitais, da Fundação Getulio Vargas (FGV). O IPC-Fipe desacelerou de 0,29% para 0,09% entre as duas primeiras quadrissemanas de agosto. O IPC-S mostrou redução da pressão nos preços em todas as sete capitais pesquisadas, com a variação semanal caindo de 0,38% para 0,09%.

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