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Acordo entre governo Petro e maior grupo do crime na Colômbia avança no Catar

Os diálogos entre representantes do presidente Gustavo Petro e porta-vozes do Clã do Golfo, a principal organização armada ilegal da Colômbia, estão progredindo positivamente no Catar, visando a desmobilização de mais de 13 mil integrantes, conforme informado pelo advogado do grupo nesta quarta-feira (20).
No início do mês, Petro anunciou a retomada das negociações com esta organização de narcotráfico com raízes paramilitares, conhecida como Exército Gaitanista da Colômbia (EGC), com quem busca a paz desde 2023.
Ricardo Giraldo, advogado do grupo, mencionou em entrevista à W Radio que participou de uma reunião em Doha com o principal negociador do governo, Álvaro Jiménez, com o objetivo de estabelecer uma mesa de diálogo naquele país do Oriente Médio.
“Esta é uma notícia de grande importância, não só para o Exército Gaitanista, mas para toda a Colômbia, pois assegura neutralidade, seriedade e compromisso nas negociações,” afirmou Giraldo sobre o avanço das conversas.
O Catar foi escolhido para sediar as negociações devido à sua experiência na mediação de conflitos internacionais, como a negociação entre Estados Unidos e talibãs em 2020.
De acordo com Giraldo, “O Catar foi o único país que aceitou receber o maior grupo armado ilegal da Colômbia, e talvez da América Latina.”
Inteligência militar colombiana aponta que o Clã do Golfo possui cerca de 7.500 membros, é o maior grupo armado ilegal do país e é responsável pelo tráfego anual de centenas de toneladas de cocaína para os Estados Unidos e Europa, partindo da Colômbia, o maior produtor mundial da droga.
Além do tráfico, a organização se financia por meio de extorsão, mineração ilegal e controle da passagem de migrantes pela perigosa selva de Darién, entre Colômbia e Panamá, conforme fontes oficiais e especialistas.
Giraldo ressaltou que, embora o EGC não seja um grupo pacífico, é necessário buscar soluções para o conflito causado por ele, que conta com mais de 13 mil combatentes.
Segundo a Fundação Ideas para la Paz, entre 2018 e 2025, o Clã do Golfo aumentou seu efetivo em 165%, ampliando sua atuação para cerca de 300 municípios dos mais de 1.100 no país, fortalecendo sua presença.
Desde o início de seu mandato em 2022, o presidente Petro tenta negociar o desarmamento dos grupos armados que permanecem ativos após o acordo de paz histórico com as extintas Farc em 2016, porém, sem sucesso até agora.
O Clã do Golfo reivindica ser reconhecido como grupo político e receber tratamento semelhante ao concedido à guerrilha e às milícias paramilitares.

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