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Moraes impede Malafaia de viajar e manda apreender passaporte

A Polícia Federal realizou na noite desta quarta-feira, 20, um mandado de busca pessoal e apreensão contra o líder religioso Silas Malafaia no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
Foram aplicadas medidas cautelares alternativas à prisão, incluindo a proibição de deixar o país e de manter contato com outros investigados. O celular dele também foi confiscado.
Na investigação, a PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro.
“O alvo dos mandados foi abordado por policiais federais ao desembarcar de voo vindo de Lisboa e está sendo interrogado nas dependências do aeroporto”, afirmou a PF.
Malafaia passou a ser investigado após diálogos encontrados no celular de Jair Bolsonaro, em que o líder religioso orienta o ex-presidente a incentivar manifestações nas ruas e o envio de mensagens por WhatsApp, mesmo proibido de usar redes sociais.
Nas conversas, Malafaia instrui Bolsonaro a pressionar políticos e o Judiciário a atuar a favor de uma anistia. “Tira o Lula do foco, volta ao assunto da anistia e pressione o STF”, disse ele em uma das mensagens.
Para a PF, essas orientações indicam uma tentativa de intimidar autoridades brasileiras.
O relatório da Polícia Federal destaca que Malafaia demonstra que o objetivo real das ações dos investigados é coagir autoridades, como ministros do STF e parlamentares, para obter anistia e impunidade em processos judiciais em andamento, sendo esta a única forma de reverter sanções dos Estados Unidos. Ele menciona: “tem que juntar a taxa com a questão da anistia. Ou juntar liberdade, justiça e anistia e a queda da taxa. É a carta de Trump, não vão ter como dizer que é fake”.
Em outra mensagem enviada em 15 de agosto pelo WhatsApp, Malafaia recomenda que Bolsonaro grave um vídeo atacando o STF:
“Abra a boca! Líder que conduz o povo, pois o povo é influenciado por outros quando o líder fica em silêncio. SÓ O QUE VIRA VÍDEO VIRALIZA! Confie em mim, não espere o pior acontecer. SE POSICIONE! O jogo está armado e o juiz comprado”.
Após sugerir o vídeo, Malafaia afirma que faria a tradução dele usando inteligência artificial para que Eduardo Bolsonaro enviasse o arquivo ao presidente dos EUA, Donald Trump.
“Assim, percebe-se que Malafaia age com concordância ao objetivo criminoso, se dispondo a produzir a versão em inglês por inteligência artificial, indicando que o vídeo seria encaminhado a Trump por Eduardo Bolsonaro através de assessores que falam regularmente com ele”, comentou a Polícia Federal.
O pastor Silas Malafaia afirmou ter enviado um áudio xingando o deputado federal Eduardo Bolsonaro, no dia seguinte a tarifas aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos sobre o Brasil em julho.
“E vem teu filho babaca falar besteira! Dando discurso nacionalista, coisa que sei que você não apoia. Dei um esporro nele, cara… mandei um áudio pra ele arrebentar. E disse que, se fizer de novo, gravo um vídeo contra ele! Falei isso para o Eduardo”, revelou Malafaia em mensagem de voz para Jair Bolsonaro.
O documento da Polícia Federal enviado ao STF detalha esse relato.
As conversas de áudio do celular de Jair Bolsonaro mostram que ele disse a Eduardo Bolsonaro que mantém diálogo com ministros do Supremo Tribunal Federal.
O inquérito no tribunal investiga a tentativa de intimidar integrantes da Corte para impedir o julgamento de um plano golpista.
O relatório da PF com transcrição das conversas informa que, no dia 27 de junho, Jair Bolsonaro disse a Eduardo: “Esqueça qualquer crítica ao Gilmar”, em possível referência ao ministro Gilmar Mendes. Ele afirmou ter conversado com alguns ministros do STF, que demonstram preocupação com sanções que seriam aplicadas pelos EUA contra o Brasil, mas não citou quais ministros.
A Polícia Federal encontrou na casa do ex-presidente uma minuta de pedido de asilo político na Argentina que indica plano de fuga para o país vizinho.
Segundo a PF, o arquivo foi editado pela última vez em fevereiro de 2024. No documento, dirigido ao presidente argentino Javier Milei, Bolsonaro se declara perseguido por motivos políticos e acusações políticas.

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