Conecte Conosco

Mundo

Netanyahu inicia negociações para libertar reféns em meio a ofensiva em Gaza

Publicado

em

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou nesta quinta-feira (21) o início das negociações para a libertação dos reféns em Gaza, em resposta a uma recente proposta de trégua no território palestino, onde o exército israelense intensificou sua ação militar na Cidade de Gaza.

“Dei instruções para começar imediatamente as negociações para a libertação de todos os nossos reféns e para encerrar a guerra em condições aceitáveis para Israel”, afirmou o primeiro-ministro israelense.

Netanyahu não fez menção direta à última proposta dos mediadores (Egito, Catar e Estados Unidos), que prevê, segundo informações do Hamas e da Jihad Islâmica, uma trégua de 60 dias, acompanhada da liberação em duas etapas dos reféns que ainda estão em cativeiro em Gaza. O Hamas anunciou na segunda-feira sua aceitação ao plano.

Antes de se reunir com altos comandos, o dirigente israelense declarou que estava prestes a “aprovar os planos” apresentados pelo exército e pelo ministro da Defesa, com o objetivo de tomar o controle da Cidade de Gaza e derrotar o Hamas.

O Exército israelense comunicou que convocará mais 60 mil reservistas, levantando preocupações sobre uma possível deterioração da grave crise humanitária que afeta o território palestino.

Cinco divisões devem participar da ofensiva, e as forças militares pedem que hospitais e ONGs que atuam na Cidade de Gaza se preparem para deslocar suas operações para o sul do território.

O Exército garantiu que disponibilizará “um local para funcionamento, seja um hospital de campanha ou outra unidade hospitalar”.

O Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas, repudiou essas exigências, dizendo que elas fragilizariam “o que resta do sistema de saúde, após a destruição sistemática” promovida pelo Exército israelense e privariam “mais de um milhão de pessoas do direito ao atendimento médico”.

“Mais vítimas”

Nos últimos dias, diversos bairros da Cidade de Gaza têm sido alvo de intensos bombardeios aéreos e de artilharia.

“A casa tremeu a noite toda. O som das explosões, da artilharia, dos aviões de combate, das ambulâncias e os gritos de socorro nos destroem”, relatou à AFP nesta quinta-feira Ahmad al Shanti, morador da cidade.

Em agosto, o gabinete de segurança liderado por Netanyahu aprovou um plano para ocupar militarmente a cidade e os campos de refugiados próximos, além de assumir o controle total da Faixa de Gaza, libertar os reféns e desarmar o Hamas.

Atualmente, permanecem 49 reféns em cativeiro neste território palestino, dos quais 27 estão mortos, segundo o exército. Esses são os remanescentes de um grupo de 251 reféns capturados pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro de 2023, que desencadeou o conflito.

Desde o início da guerra, Israel impôs um cerco à Gaza e controla cerca de 75% do território, onde sua operação de retaliação causou milhares de mortes e uma crise humanitária devastadora.

A Defesa Civil de Gaza informou que pelo menos 48 pessoas morreram nesta quinta-feira em ataques israelenses em várias localidades da região, incluindo vítimas em bombardeios na Cidade de Gaza.

As restrições à mídia em Gaza e as dificuldades de acesso ao território impedem a verificação independente pela AFP dos números e informações fornecidas pela Defesa Civil e pelo Exército israelense.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que participou das operações de troca de reféns nas tréguas anteriores, considerou “inaceitável” a intensificação do conflito.

“Isso significa mais mortes, mais deslocamentos, mais destruição e mais pânico”, declarou à AFP o porta-voz Christian Cardon.

A agência humanitária da ONU responsável pelos Territórios Palestinos também advertiu que o plano israelense terá “um impacto humanitário terrível” para a população.

“Desrespeito evidente”

O Hamas, que concordou com a proposta atual de cessar-fogo, afirmou que a operação na Cidade de Gaza demonstra “um desrespeito evidente pelos esforços dos mediadores”.

O grupo acusou Netanyahu de ser “o principal obstáculo para qualquer acordo, sem considerar a vida” dos reféns israelenses.

A proposta baseia-se em um plano anterior do emissário americano Steve Witkoff, previamente aprovado por Israel.

Este plano prevê a libertação de dez reféns vivos e a entrega dos corpos de 18 mortos em troca de um cessar-fogo de 60 dias, além de negociações para a conclusão do conflito. Os demais reféns seriam libertados em uma segunda fase, conforme fontes do Hamas e da Jihad Islâmica.

Enquanto isso, cresce a revolta entre os familiares dos reféns israelenses.

“Existe um acordo que pode salvar a vida dos reféns… o Hamas aceitou, porém o gabinete do primeiro-ministro insiste em sabotá-lo, condenando os reféns vivos à morte e relegando os mortos ao esquecimento”, denunciou Lishay Miran Lavi, cuja esposo Omri Miran continua sequestrado.

Clique aqui para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe um Comentário

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados