Economia
Dólar recua com atenção ao desempenho dos títulos longos dos EUA
O dólar apresenta leve queda no mercado à vista nesta sexta-feira, 22, acompanhando a redução nos juros futuros. Isso ocorre após o recuo nos rendimentos dos títulos públicos americanos de prazos intermediário e longo, os Treasuries, que haviam registrado alta no dia anterior. Essas variações ocorrem pouco antes do esperado discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, marcado para as 11h.
O posicionamento de Powell será fundamental para ajustar as expectativas sobre as futuras decisões da política monetária e determinar a tendência dos ativos financeiros hoje, em um cenário sem divulgação de indicadores econômicos.
Apesar das opiniões divergentes entre os membros do Fed, o mercado ainda atribui mais de 70% de probabilidade à redução da taxa de juros em setembro. Contudo, o ambiente permanece cauteloso devido às pressões do presidente dos EUA, Donald Trump, que tem solicitado cortes nos juros, a substituição de Powell e, recentemente, a demissão da diretora Lisa Cook.
Investidores têm ajustado suas posições cambiais depois que o dólar acumulou valorização de 1,50% nesta semana frente ao real, ao mesmo tempo em que perdeu valor contra algumas moedas emergentes importantes, como o peso mexicano e o rand sul-africano.
Por outro lado, um cenário de indicadores econômicos mistos nos EUA e preocupações com a inflação — especialmente no setor de serviços e pelos impactos das tarifas comerciais — mantém o dólar valorizado em relação a outras moedas fortes.
Política de juros em mudança
O Federal Reserve planeja abandonar discretamente a estratégia adotada em 2020, que priorizava riscos relacionados a juros baixos e inflação controlada. Com uma inflação mais alta e volátil, essa abordagem é considerada desatualizada. Espera-se que Jerome Powell anuncie esta mudança em seu discurso no evento de Jackson Hole na sexta-feira.
No cenário interno, o governo federal promove uma coletiva hoje para explicar as condições financeiras do Plano Brasil Soberano, que detalha o acesso ao crédito. A entrevista será às 16h, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro (RJ).
Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington e Londres, destacou que a diminuição das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos depende de contato direto entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano Donald Trump. Ele ressaltou que a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros não será revertida apenas por negociações técnicas.
O risco político permanece em evidência. À tarde, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, participará da conferência de encerramento do Fórum Empresarial Lide, no Rio, às 17h15, em meio a preocupações sobre uma possível escalada nas tensões com os EUA, especialmente após o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pela Polícia Federal, sob acusações envolvendo coação no andamento de processo e tentativa de abolição do estado democrático de direito.
O prazo para que Bolsonaro esclareça o descumprimento de medidas restritivas expira hoje. A Polícia Federal já preparou uma cela na Superintendência do Distrito Federal para eventual ordem de prisão.
No âmbito internacional, o presidente da China, Xi Jinping, receberá o presidente russo, Vladimir Putin, o secretário-geral da ONU, António Guterres, e mais de 20 chefes de governo na cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), que ocorrerá em Tianjin entre 31 de agosto e 1º de setembro. Conforme divulgado pela Reuters, o encontro visa fortalecer a influência regional da China em questões políticas e de segurança.

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