Economia
Powell anima mercado e Ibovespa sobe 2,57%

Nos destaques do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, um discurso tranquilo em Jackson Hole (EUA) reacendeu a expectativa de corte de juros na maior economia global a partir de setembro, impulsionando o Ibovespa que subiu mais de 2%, alcançando perto dos 138 mil pontos no fechamento desta sexta-feira (22).
Durante o dia, o índice da B3 chegou a 138.071,55 pontos, iniciando a sessão em 134.511,49 pontos, a menor da variação diária. O volume financeiro, que vinha entre R$ 15 bilhões e R$ 16 bilhões nos dois dias anteriores devido à cautela antes do discurso de Powell, recuperou-se para R$ 23,0 bilhões no fechamento da semana.
Essa semana, o Ibovespa acumula alta de 1,19%, seguindo ganhos anteriores de 0,31% e 2,62%, totalizando uma valorização de 3,68% no mês de agosto até o momento. No ano, o índice registra crescimento de 14,70%.
Ao final da sessão, o índice apresentou crescimento de 2,57%, fechando em 137.968,15 pontos, a maior variação percentual positiva desde 9 de abril, quando subiu 3,12%. A semana começou com queda significativa de 2,10% na terça-feira, o que foi a maior perda desde 4 de abril.
Felipe Moura, gestor e sócio da Finacap Investimentos, destaca que o sinal dos EUA apontando para um corte de juros em breve impulsiona o mercado. O Ibovespa já mostrava força acima dos 130 mil pontos, mesmo diante das incertezas institucionais na relação Brasil-EUA. Surpresas positivas nos resultados das empresas brasileiras reforçam essa força, agora reforçada por uma pausa nas notícias negativas, sustentando a alta expressiva. Ele comenta também sobre o movimento de rebalanceamento na renda variável, beneficiando mercados emergentes como o Brasil, atraindo fluxos dos EUA.
As ações dos setores de commodities e bancos, principais focos do interesse estrangeiro na B3, subiram com vigor nesta sexta-feira: Vale avançou 2,51%, Petrobras ON e PN subiram 3,03% e 2,63% respectivamente, Itaú PN subiu 2,80%, e BB ON destacou-se com alta de 4,11%, recuperando-se após decisões recentes do STF que geraram tensão na relação diplomática e comercial entre Brasil e EUA.
Nenhuma das 84 ações que compõem o Ibovespa fechou em baixa. Os maiores ganhos foram da Natura (+8,29%), Cogna (+7,72%) e Minerva (+7,08%).
Lucas Carvalho, head de Research da Toro Investimentos, salienta que a fala de Powell indicou que o cenário atual e a mudança nos riscos podem levar a um ajuste na política monetária, abrindo caminho para possível corte de juros na reunião de setembro do Fed, expectativa presente no mercado.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, observa que Powell sinalizou a possibilidade de redução dos juros com base na taxa de desemprego, mas sem ignorar o risco da inflação. Desde março, o Fed tem tratado o impacto das tarifas como temporário, afastando receios de inflação prolongada. No curto prazo, pode haver choques em certos itens, mas não a pressão que afete as expectativas inflacionárias.
Bruna Centeno, economista da Blue3 Investimentos, comenta que o Ibovespa seguiu a alta de Nova York durante o dia, com a curva de juros domésticos caindo, e o mercado local começou a precificar a antecipação do corte de juros da Selic para dezembro de 2025, caso o Fed realmente reduza os juros em setembro.
Mesmo com incertezas na relação Brasil-EUA, há rotação de ativos beneficiando o Brasil, evidenciada pelo apetite ao risco vindo do exterior, o que favorece a continuidade do fluxo estrangeiro na Bolsa, considerando o cenário de juros dos EUA em tendência de queda no curto prazo.
No entanto, apesar dos ganhos recentes e do discurso positivo de Powell, o mercado demonstra otimismo moderado quanto ao desempenho das ações no curto prazo. Segundo pesquisa do Termômetro Broadcast Bolsa, a expectativa de baixa para o Ibovespa subiu para 62,50%, enquanto a de alta caiu para 25%, e a de estabilidade recuou para 12,50%.

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