Notícias Recentes
Perfilamento criminal em São Paulo identifica suspeitos de abuso e assassinato em série

A Polícia Civil de São Paulo utilizou técnicas de perfilamento criminal para identificar, no ano passado, um assassino em série responsável pela morte de vários homens na zona leste da capital. As vítimas foram contatadas pelo autor dos crimes através de um aplicativo de relacionamento.
O caso foi esclarecido graças ao Núcleo de Análise Comportamental e Criminal (NACC), um laboratório pioneiro dentro do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Segundo a delegada Luciana Anjos Terriblli, as vítimas apresentavam sinais de asfixia, cada uma de uma forma diferente, o que permitiu à equipe traçar um perfil inicial do criminoso, incluindo características como idade e modus operandi.
O núcleo, coordenado pela diretora do DHPP, Ivalda Aleixo, é composto por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, peritos, investigadores e delegadas. Eles analisam não só as cenas dos crimes, mas também o comportamento das vítimas e dos suspeitos, auxiliando nas investigações.
Em outro caso, a equipe descartou a hipótese inicial de latrocínio envolvendo a professora Fernanda Bonin, identificando que o crime foi planejado por uma pessoa próxima, a ex-esposa Fernanda Fazio, que armou uma emboscada com assassinos contratados.
Outro caso envolveu a morte da estudante Bruna Oliveira, cuja análise comportamental indicou que o autor seria um predador sexual morador da zona leste. O corpo foi encontrado em um estacionamento após a vítima ser abordada próximo a uma estação de metrô.
Quanto ao empresário Adalberto Amarilio Junior, encontrado morto em um buraco no Autódromo de Interlagos, a equipe utilizou o perfilamento para identificar suspeitos entre os seguranças que trabalharam no local, que teriam apagado dados de seus celulares para ocultar informações.
O NACC também reabriu casos antigos, como o da estudante Victoria Natalini, morta há 10 anos durante uma excursão escolar, analisando milhares de páginas do inquérito para compreender melhor o perfil comportamental dos envolvidos.
A delegada Luciana Anjos Terriblli destaca que o trabalho do núcleo evita erros judiciais e protege inocentes, enquanto o investigador e criminólogo Lucas Martins explica que as técnicas de entrevista utilizadas respeitam os direitos humanos e garantem a efetividade das investigações.
O núcleo atua não apenas com suspeitos, mas também com vítimas e testemunhas, inclusive crianças, dispondo de um espaço próprio para esses atendimentos.
Entendendo o perfilamento criminal
Inaugurado em 2024, o núcleo desenvolvido pela diretora Ivalda Aleixo combina psicologia e análise comportamental para mapear perfis de criminosos, vítimas e testemunhas. A prática, mais comum em outros países, é recente no Brasil.
O investigador Lucas Martins enfatiza que o objetivo principal é compreender o crime sob um olhar comportamental, analisando autor, cena e vítima para elaborar relatórios detalhados e reduzir o número de suspeitos.
A equipe examina diversos fatores, como gostos pessoais e objetos de relevância, para aprofundar a investigação. Aspectos como a organização da cena do crime e a motivação são criteriosamente avaliados pela diretora Ivalda Aleixo.
Perspectivas para o futuro do núcleo
Com a consultoria do psicólogo criminal Christian Costa, especialista com anos de experiência em entrevistas a predadores sexuais e vítimas, o núcleo tem planos de expansão. Novos policiais poderão integrar a equipe e novas tecnologias serão incorporadas para aprimorar o trabalho.
A diretora Ivalda Aleixo expressa a satisfação com o progresso e a expectativa de crescimento, destacando a importância da capacitação contínua para que a equipe esteja pronta para atuar em casos que demandem seu conhecimento especializado.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login