Homem preso por ameaças a Felca vendia material infantil online, diz Derrite

A Polícia Civil de São Paulo efetuou a prisão, nesta segunda-feira (25/8), em Pernambuco, de um indivíduo acusado de ameaçar o youtuber Felipe Bressanim, mais conhecido como Felca. Conforme informações da polícia, o suspeito também armazenava material infantil.

A detenção foi realizada com base em uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) datada de 17 de agosto, que ordenou que a empresa Google fornecesse, em 24 horas, os dados do e-mail responsável pelas ameaças ao Felca.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, confirmou a prisão e destacou: “Foi um excelente trabalho de investigação que levou até esse criminoso que, além das ameaças, comercializava material infantil nas redes sociais.”

A defesa de Felipe Bressanim informou que ele passou a receber múltiplas ameaças, inclusive de morte, após divulgar um vídeo denunciando casos de pedofilia e exposição precoce de crianças nas redes sociais.

Na decisão do TJSP, o juiz Pedro Henrique Valdevite Agostinho ressaltou que a quebra de sigilo foi necessária devido ao “risco real à integridade física do autor, que está sob ameaça direta de morte”.

Entendendo a exposição precoce denunciada por Felca

Felca tornou-se figura central no debate sobre pedofilia e sexualização infantil a partir do vídeo “adultização”, publicado em 6 de agosto. No conteúdo, o youtuber revela a atuação de pedófilos nas redes sociais e critica a exposição excessiva de jovens e adolescentes na internet.

Um dos investigados é o influenciador Hytalo Santos, que está preso desde 15 de agosto, alvo de um inquérito do Ministério Público da Paraíba (MPPB) por tráfico humano e exploração sexual infantil.

O termo “adultização” — que ganhou popularidade após o vídeo de Felca — refere-se a qualquer processo que faz com que uma criança assuma funções, realize atividades ou desempenhe papéis próprios de adultos, para os quais ela não possui maturidade, estrutura ou compreensão do significado e das consequências.

Esse processo frequentemente vem acompanhado da sexualização infantil, onde a criança é levada a adotar roupas, comportamentos e atitudes associadas ao universo erótico. Segundo o psiquiatra Fábio Aurélio Leite, do Hospital Santa Lúcia Norte e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, as crianças, nestas situações, geralmente não conseguem entender que não deveriam estar inseridas nesse contexto.

O especialista destaca ainda que a adultização não é exclusiva do ambiente virtual. Ela envolve situações precoces como o trabalho infantil, responsabilidades excessivas no lar além da capacidade da criança, intermediação de conflitos parentais ou entre adultos, e exposição à mídia.