Economia
Governo brasileiro valoriza empresários americanos, afirma Durigan

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que o governo do Brasil tratará com respeito e consideração os empresários americanos que investem no país, mesmo diante da imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos.
Durigan destacou a incoerência de penalizar empresas que confiam no potencial brasileiro, reforçando que, no momento, a estratégia do governo é não retaliar as medidas dos Estados Unidos, focando nas negociações diplomáticas.
“O governo tem trabalhado para criar uma agenda e uma mesa de negociações, porém enfrenta obstáculos internos. A diplomacia perdeu parte do respeito mútuo que era muito valorizado. Temos diálogo aberto com empresários brasileiros e americanos, que continuaremos a tratar com muito apreço. Penalizar quem aposta no Brasil não faz sentido”, declarou Durigan.
Ele também comentou que o chamado ‘ataque unilateral’ dos EUA compromete as perspectivas de desenvolvimento do país, mas ressaltou que o Brasil diminuiu sua dependência do mercado americano nos últimos anos.
Durante evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Council of the Americas, em São Paulo, Durigan participou por videoconferência, substituindo o ministro Fernando Haddad. Na ocasião, representantes governamentais e empresariais de ambos os países destacaram as oportunidades e relevância das relações comerciais.
Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), enviou mensagem ressaltando que mil empresas brasileiras exportam para os EUA, que por sua vez abriga quatro mil companhias americanas, reforçando a importância da parceria entre os dois países.
Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do MDIC, também por videoconferência, frisou o empenho do governo em continuar as negociações com os Estados Unidos, amparar empresas nacionais afetadas pelas tarifas e buscar novos mercados como Canadá, México e Índia.
Josué Gomes, presidente da Fiesp, mencionou setores promissores para negócios conjuntos, como minerais estratégicos, farmacêuticos e combustíveis sustentáveis para aviação. Ele enfatizou a necessidade de dissociar questões políticas das econômicas para alcançar entendimento mútuo.
Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, destacou que mais da metade da receita da empresa é gerada nos Estados Unidos, onde possui 75 mil funcionários e realizou investimentos significativos. Contudo, o tarifaço impacta negativamente suas operações brasileiras, com expectativas de retração nas exportações de carne para os EUA no segundo semestre.
Contexto das relações internacionais
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que vivemos um momento histórico nas relações internacionais, marcado pelo enfraquecimento da ordem mundial tradicional, impulsionado por quem a construiu. Segundo ele, ações unilaterais e tarifas elevadas usadas como sanções configuram violações da soberania dos países.
Tom Shannon Jr, ex-embaixador dos EUA no Brasil, ressaltou que a adoção da tarifa de 50% tem motivações políticas inéditas, dificultando negociações. Ele explicou que o Brasil entrou na mira da Casa Branca por motivos políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O atual presidente americano teria empatia por Bolsonaro, considerando que sua própria experiência de contestação da eleição nos Estados Unidos influencia sua visão do Brasil. Essa dinâmica política tem potencial para impactar fortemente a conjuntura brasileira.

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