Conecte Conosco

Notícias Recentes

Sabesp vai reduzir pressão da água entre 21h e 5h

Publicado

em

A Sabesp anunciou nesta quarta-feira (27/8) que a redução da pressão da água acontecerá entre as 21h e as 5h. A Companhia de Saneamento Básico recebeu autorização para adotar essa medida até que os níveis dos reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo, incluindo a capital, se recuperem.

A iniciativa, que começa na noite desta quarta-feira, foi aprovada pelo governo devido ao volume útil dos reservatórios estar em 39,2% da capacidade total em razão da escassez de chuvas. O intuito é diminuir desperdícios e evitar vazamentos.

Em comunicado, a Sabesp declarou que a ação é temporária e preventiva, seguindo determinação da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), visando conservar os reservatórios que abastecem a região urbana.

Como funciona a redução da pressão da água

A redução de pressão significa diminuir o volume de água distribuído pela rede, reduzindo assim as perdas físicas, que são os vazamentos que ocorrem ao longo do percurso entre a estação de tratamento e os imóveis.

O especialista com mais de 50 anos de experiência em saneamento e ex-diretor da Sabesp, João Jorge da Costa, explica que, durante a noite, o consumo cai e a pressão na rede fica alta e estática.

“Isso gera uma pressão excessiva e a perda é diretamente proporcional à pressão”, afirma.

Contudo, ele alerta que isso pode causar transtornos, porque, em lugares mais altos, ao invés de a pressão diminuir, pode não haver pressão alguma.

Esse problema foi comum em bairros como Jardim Ângela, na zona sul, e Brasilândia, na zona norte, durante a crise hídrica de 2014-2015.

Desde então, moradores de algumas áreas periféricas da capital têm sofrido desabastecimento noturno, principalmente nos locais mais elevados.

O governo estadual sempre afirmou que imóveis com caixa d’água deveriam sentir menos os efeitos dessa redução de pressão.

Perspectiva da crise hídrica

O volume de chuvas recente tem estado abaixo da média histórica para o período, o que causou preocupação na Sabesp. Por exemplo, o reservatório do Cantareira apresenta apenas 0,5 mm de chuva até agora em agosto, muito abaixo da média mensal de 34,2 mm. Outras represas também enfrentam situação semelhante.

Antônio Carlos Zuffo, especialista em gestão de recursos hídricos e professor da Unicamp, prevê pelo menos mais um mês de tempo seco. Caso ocorra o fenômeno La Niña, que resfria as águas do Oceano Pacífico, as chuvas podem atrasar ainda mais.

Ele também destaca o Ciclo de Shwabe, que associa a atividade solar com incidências de crises hídricas, tendo apresentado picos em 2001-2003, 2014-2015, e possivelmente agora em 2025, o que poderia agravar a situação.

Segundo Zuffo, a pouca precipitação fez com que os volumes armazenados, inclusive no subsolo, fiquem insuficientes para reabastecer as represas adequadamente.

O professor alerta que cidades do interior paulista podem começar a enfrentar também racionamento a partir de setembro.

Resiliência do sistema de abastecimento

Comparado ao período da crise hídrica passada, o sistema que abastece a Grande São Paulo está mais integrado, o que aumenta a resiliência. Isso permite, por exemplo, redirecionar água de uma represa com volume melhor para áreas atendidas por outra com menor armazenamento.

Uma obra importante foi o Sistema São Lourenço, inaugurado em 2018, que leva água a 70 km da capital e atende aproximadamente 2 milhões de pessoas em oito cidades, com investimento de R$ 3,5 bilhões.

Outra solução para o problema hídrico foi viabilizar a transposição da água da bacia do Rio Paraíba do Sul, que também abastece o Rio de Janeiro, para auxiliar o Sistema Cantareira.

Clique aqui para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe um Comentário

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados