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Mudança climática pode aumentar pobreza entre jovens latino-americanos até 2030

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A mudança no clima poderá levar seis milhões de pessoas jovens da América Latina e Caribe, com idade inferior a 25 anos, a viverem em situação de pobreza até 2030, de acordo com um estudo divulgado por duas entidades da ONU na quarta-feira (27).

O relatório, desenvolvido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), aponta que atualmente cerca de 94 milhões de jovens pobres vivem na região, número este que deverá crescer em seis milhões devido aos efeitos das secas, incêndios e enchentes geradas pelas alterações climáticas.

“Eles enfrentam riscos sem precedentes, que ameaçam não só o presente, mas também suas chances futuras”, ressalta o estudo intitulado “O impacto da mudança climática na pobreza infantil e juvenil da América Latina”.

Conforme o documento, as crianças e jovens são particularmente afetados pelas mudanças climáticas porque são mais vulneráveis e possuem menor capacidade de resistir a eventos climáticos extremos, como inundações, secas, tempestades e ondas de calor.

Se as nações não adotarem rapidamente medidas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, essa estimativa poderá subir para quase 18 milhões de pessoas, segundo as agências da ONU. A América Latina possui uma população aproximada de 650 milhões de habitantes.

Retrocessos em décadas

Unicef e Cepal destacam que nas últimas três décadas o aumento expressivo da temperatura na região ocasionou mais desastres naturais.

As secas se intensificam em áreas como o corredor seco centro-americano, o nordeste brasileiro e partes do Cone Sul, prejudicando a agricultura e afetando negativamente a alimentação de crianças e jovens, com possíveis consequências para toda a vida.

Além disso, chuvas intensas provocam enchentes e deslizamentos, danificando infraestruturas essenciais como escolas, centros de saúde e fontes de água, e favorecem a disseminação de doenças transmitidas por mosquitos, como malária, zika e dengue.

As perdas econômicas causadas por eventos climáticos extremados aumentaram quase dez vezes, alcançando uma média anual de 3,913 bilhões de dólares na última década.

Esses custos elevados podem restringir os investimentos públicos em setores como saúde, educação, emprego e moradia, dificultando a retirada de milhões de pessoas da pobreza.

O agravamento da pobreza entre crianças e jovens é uma preocupação séria que pode significar um retrocesso significativo na região, conforme o relatório.

José Eduardo Alatorre, representante da Cepal, alertou que “devido à inércia do sistema climático, certo nível de aquecimento é inevitável e alguns impactos já estão comprometidos”.

Protegendo as futuras gerações

Os autores do estudo sugerem que os governos reforcem os serviços sociais relacionados à saúde, nutrição e educação, além de aumentarem os investimentos para proteger infraestruturas essenciais para as crianças.

Alatorre destacou a necessidade de um aporte financeiro entre 10 bilhões e 48 bilhões de dólares para evitar que o aumento da pobreza se concretize.

O relatório também recomenda expandir os programas de combate às mudanças climáticas, intensificar a educação ambiental nas escolas e melhorar a resposta a emergências.

Reis López, assessor climático do Unicef, afirmou que “sem investimentos em serviços resilientes para a infância e sem comprometimento contínuo dos países para reduzir emissões, crianças e jovens em 2030 continuarão a sofrer privação de seus direitos”.

Ele acrescentou que isso perpetuará as desigualdades em uma das regiões mais desiguais do planeta.

O estudo reúne informações de dezoito países da América Latina e do Caribe.

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