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PSB vai tentar na Justiça ter acesso a depoimento de ex-diretor da Petrobras
O PSB anunciou em nota divulgada neste sábado (6) que vai tentar obter na Justiça direito à cópia do depoimento do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa à Polícia Federal (PF). Segundo reportagem publicada na edição deste final de semana da revista “Veja”, Costa revelou nomes de políticos que teriam sido beneficiados com pagamentos de propinas oriundas de contratos com fornecedores da estatal, entre eles o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu em acidente aéreo em agosto.
A nota, assinada pelo presidente do PSB, Roberto Amaral (leia a íntegra ao final desta reportagem), afirma que o partido vai defender Campos “em todos os níveis.” “Morto, Eduardo Campos não pode se defender. Mas seu partido o fará, em todos os níveis, políticos e judiciais, no cível e no criminal, e para esse efeito já está requerendo acesso ao conteúdo integral do depoimento do administrador da corrupção na Petrobras [Paulo Roberto Costa].”
O documento sugere que a inclusão de Campos, que era o candidato do PSB à presidência, entre os suspeitos de envolvimento em corrupção na Petrobras, tem relação com a campanha eleitoral e o desempenho de Marina Silva, que herdou a candidatura à Presidência pelo PSB depois da morte do ex-governador.
“O esquema perverso engendrado para desgastar a imagem de Eduardo Campos tem origem no espectro da derrota próxima daquelas forças que há 20 anos sustentam uma polarização política artificial, cujo único objetivo é assegurar o poder pelo poder, usufruído de forma indecorosa, como sabe a sociedade brasileira.”
Para Amaral, a reportagem de Veja se baseia em “uma referência solta” a Campos no depoimento de Paulo Roberto Costa para incluí-lo entre os suspeitos. De acordo com ele, “não há acusação digna de honesta consideração. Há, apenas, malícia.”
Delação premiada
Integrante da diretoria da Petrobras entre 2004 e 2012, Costa foi preso pela Polícia Federal (PF) durante as investigações da Operação Lava Jato, que revelou um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. Devido às acusações, ele está preso no Paraná.
O ex-diretor da estatal do petróleo fez um acordo de delação premiada. Os depoimentos de Costa à PF têm ocorrido diariamente, na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. A PF não revela o conteúdo dos depoimentos.
De acordo com a reportagem de Veja, nesses depoimentos ele revelou que um ministro e pelo menos 25 deputados federais foram beneficiados com pagamentos de propinas oriundas de contratos com fornecedores da estatal.
Segundo a publicação, o ex-dirigente citou, entre outros políticos, os nomes da governadora Roseana Sarney (Maranhão) e dos ex-governadores Sérgio Cabral (Rio) e Eduardo Campos (Pernambuco); do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; dos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR) e Ciro Nogueira (PP-PI); e dos deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Cândido Vacarezza (PT-SP), Mário Negromonte (PP-BA) e João Pizzolatti (PP-SC). Eles negam participação no esquema.
A reportagem de “Veja” não detalha o papel que cada um dos políticos mencionados por Costa teve na suposta fraude. O texto diz que, pelo acordo firmado com o Ministério Público Federal, o ex-dirigente teria se comprometido a detalhar o envolvimento de cada um dos políticos no esquema. A reportagem também afirma que os policiais federais e procuradores da República estimam que levará mais três semanas para o ex-diretor da Petrobras esgotar o que tem a dizer.
Outra informação relatada pela revista é de que Paulo Roberto Costa teria admitido pela primeira vez, durante os depoimentos da delação premiada, que as empreiteiras contratadas pela Petrobras tinham, obrigatoriamente, de contribuir para um caixa paralelo que era distribuído a partidos e políticos da base governista. O ex-diretor teria dito, informou “Veja”, que cada partido tinha seu encarregado de fazer a intermediação com o esquema de corrupção.
Íntegra da nota
O Partido Socialista Brasileiro, desde as primeiras denúncias de corrupção na Petrobrás, defendeu, sob a liderança de seu então presidente, Eduardo Henrique Accioly Campos, a instalação de CPI para investigar as denúncias de negócios escusos envolvendo a maior empresa brasileira – fruto de luta de anos, na qual os socialistas estiveram sempre à frente, ombro a ombro com os trabalhadores e demais forças nacionalistas.
Eduardo, ainda em março deste ano, formulava fundadas críticas à administração anti-republicana de nossa maior estatal, de importância estratégica para qualquer projeto de desenvolvimento e soberania do nosso país.
A desmoralização da Petrobrás só interessa aos que ainda perseguem a desnacionalização do pré-sal.
Já como pré-candidato à presidência da República, Eduardo defendeu, e nesse sentido orientou nossos parlamentares, a inclusão das obras da refinaria Abreu e Lima como um dos itens a serem investigados pela CPI – para cuja constituição, aliás, contribuíram nossas bancadas.
O esquema perverso engendrado para desgastar a imagem de Eduardo Campos tem origem no espectro da derrota próxima daquelas forças que há 20 anos sustentam uma polarização política artificial, cujo único objetivo é assegurar o poder pelo poder, usufruído de forma indecorosa, como sabe a sociedade brasileira.
A imprensa desta data associa, ainda que de passagem, o nome de Eduardo a uma malta de velhas e conhecidas raposas da velha política, no esquema sujo de corrupção na Petrobrás, comandado e administrado pelo engenheiro Paulo Roberto Costa – nomeado por um consórcio constituído pelo PT, PMDB e PP – em busca do recurso da ‘delação premiada’ que, mediante acordo com o MP, poderá reduzir-lhe as penas de prisão de que não se livrará.
A reportagem de uma revista semanal registra, sem haver tido acesso ao conteúdo do depoimento, uma referência solta do depoente a Eduardo. Essa matéria, com pequenas variáveis, é reproduzida pelos demais veículos gráficos.
Não há acusação digna de honesta consideração.
Há, apenas, malícia.
Não soa à toa a ameaça feita, em 11 de abril de 2014, veiculada na imprensa escrita e depois amplificada em portais e blogs, do presidente do Senado, Renan Calheiros, de incitar os governistas a, segundo suas palavras, “usar a CPI da Petrobrás para desgastar o ex-governador Eduardo Campos, provável adversário de Dilma Rousseff em outubro”. É o que se vê hoje…
Morto, Eduardo Campos não pode se defender. Mas seu Partido o fará, em todos os níveis, políticos e judiciais, no cível e no criminal, e para esse efeito já está requerendo acesso ao conteúdo integral do depoimento do administrador da corrupção na Petrobras.
Os socialistas não conhecem o medo nem o recuo. Continuaremos nossa campanha eleitoral que já se avizinha como vitoriosa – para o desespero dos muitos que não mais poderão explorar os recursos públicos em proveito pessoal e de projetos político-partidários. Permaneceremos, como sempre, fiéis defensores do monopólio estatal do petróleo, em defesa da Petrobrás e em defesa do pré-sal como elementos essenciais de nosso projeto de independência e soberania nacional. Mas não descuidaremos do combate à corrupção.
Não descansaremos enquanto a Petrobrás não se livrar dos que, por dentro dela, roubam-na para assim alimentarem a má política.
É a homenagem que devemos à memória de Eduardo Campos.
Roberto Amaral
Presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro
Fonte: G1
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