Ataque russo mata 22 em Kiev e complica tentativas de paz

Ao menos 22 pessoas perderam a vida em Kiev, incluindo quatro crianças, durante um dos mais graves ataques aéreos promovidos pela Rússia contra a Ucrânia. Os Estados Unidos classificaram o evento nesta quinta-feira (28) como um obstáculo para os esforços de paz liderados por Donald Trump.

A ofensiva russa continuou a bombardear cidades ucranianas, apesar das iniciativas do presidente americano para pôr fim ao conflito que teve início com a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, sem resultados efetivos até o momento.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que Trump ficou desapontado com a notícia dos ataques contra a capital ucraniana, embora não tenha se mostrado surpreso.

O representante americano para a Ucrânia, Keith Kellogg, condenou os ataques cruéis que comprometem as esperanças de paz defendidas pelo presidente americano.

O embaixador dos EUA em Paris, Charles Kushner, ressaltou em entrevista à TV francesa que os avanços em direção ao fim da guerra foram possíveis graças a Trump, enquanto os países europeus não alcançaram progresso significativo.

As explosões atingiram regiões centrais de Kiev, causando sérios danos ao edifício da União Europeia (UE) e ao escritório do British Council. Em um bairro no leste da cidade, equipes de salvamento removeram corpos de um edifício residencial totalmente destruído.

Uma bomba provocou uma cratera em um prédio de cinco andares que se partiu ao meio. Também foram afetados uma creche e um centro comercial. “Os vidros voaram… Gritamos quando as bombas detonaram”, relatou Galina Shcherbak, que estava próxima a um estacionamento.

Segundo o Exército ucraniano, foram usados 598 drones e 31 mísseis, incluindo dois supersônicos Kinzhal, configurando o segundo maior ataque aéreo desde o início da invasão russa.

Terror e violência

O presidente Volodymyr Zelensky descreveu o ataque como um massacre intencional e brutal de civis. Ele afirmou que a Rússia não demonstra interesse na diplomacia e prefere continuar com a violência do que encerrar o conflito.

Zelensky também solicitou a imposição de novas sanções e destacou que todas as oportunidades para a negociação já foram ignoradas, exigindo que a Rússia seja responsabilizada por cada ataque neste conflito.

O Kremlin, por sua vez, defende que seus ataques são dirigidos a alvos militares e mantém a intenção de prosseguir com negociações diplomáticas, embora os bombardeios continuem.

De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, as Forças Armadas russas seguem cumprindo suas missões, atacando alvos militares e paramilitares, enquanto mantém o interesse em conversações para alcançar metas por vias políticas.

Este ataque ocorreu após mais de três anos e meio de conflito e enquanto as conversações de paz permanecem paralisadas, mesmo com a pressão dos Estados Unidos.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, confirmou que o edifício da missão da União Europeia em Kiev foi atingido e ressaltou que o bloco não será intimidado pela Rússia.

O escritório do British Council também sofreu danos severos no ataque, conforme comunicado da instituição.

A União Europeia e o Reino Unido responderam convocando seus embaixadores da Rússia, enquanto França e Reino Unido repudiaram o ataque.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, denunciou que Putin está tirando a vida de crianças e civis, destruindo as chances de paz, e afirmou que este derramamento de sangue precisa cessar.

O presidente francês, Emmanuel Macron, condenou a violência e a brutalidade da Rússia, e o chanceler alemão, Friedrich Merz, declarou que os ataques expuseram verdadeiramente a natureza do governo russo.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que ataques contra civis e infraestruturas civis são violação do direito internacional humanitário, são inaceitáveis e devem ser interrompidos imediatamente.