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Economia

Líderes do Brics convocados por Lula vão debater comércio no grupo

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Os líderes do Brics vão se reunir na próxima semana para discutir ações conjuntas visando fortalecer o multilateralismo e o comércio entre os países do bloco. Embora promovam tarifas elevadas para produtos estrangeiros, os Estados Unidos não serão mencionados diretamente, mas o debate incluirá respostas às medidas protecionistas adotadas pelo presidente americano Donald Trump.

Organizada pelo Brasil, que preside o Brics neste ano, a reunião será virtual e ocorrerá em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

A situação de Bolsonaro é uma das razões para Trump ter imposto uma sobretaxa de 50% a algumas exportações brasileiras para os EUA desde o mês passado. Entretanto, o presidente Luis Inácio Lula da Silva já afirmou que não permitirá interferências em assuntos internos durante negociações comerciais.

Fontes do governo brasileiro informaram que serão discutidas maneiras de ampliar o comércio dentro do bloco, inclusive utilizando moedas locais nas transações, o que preocupa Trump, que ameaça aplicar mais tarifas a países que busquem reduzir o papel do dólar.

A reunião deverá ocorrer na próxima segunda-feira, ajustando as agendas dos líderes dos 11 países do Brics: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã e Rússia.

Especialistas avaliam que, após o choque inicial, o mundo está se movendo para longe dos EUA. As tarifas elevadas impostas a países como Brasil, Índia e China deram um tom mais comercial à aliança do Brics, um ponto destacado durante a reunião.

O foco oficial do encontro será a defesa do multilateralismo. Também serão pautados temas como o conflito entre Rússia e Ucrânia, a situação dos palestinos na Faixa de Gaza e a conferência global sobre o clima, COP30, que ocorrerá em Belém em novembro. O presidente Lula reforçará o convite para a participação.

Produtos como carnes, calçados, pescados, café, madeira, cerâmica, frutas e bens de capital enfrentam altas tarifas. O Brasil informou aos EUA sobre consultas internas para possíveis retaliações baseadas na Lei de Reciprocidade, aprovada este ano, que permite aumentar tarifas, cassar patentes e elevar tributos em propriedade intelectual.

O Brasil também solicitou negociações com os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC). Embora os americanos tenham aceitado dialogar, o processo poderá se estender por anos.

Além disso, o governo brasileiro enviou um relatório a Washington com esclarecimentos em áreas como combate à corrupção, desmatamento, impostos sobre etanol americano, patentes, pirataria em São Paulo e o uso do PIX como meio de pagamento.

Os EUA investigam práticas comerciais brasileiras que, se comprovadas como desleais ou ilegais, podem resultar em novas sanções.

Missão empresarial aos EUA

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) organizará, nos dias 3 e 4 de setembro, uma missão empresarial a Washington para buscar diálogo visando a redução ou reversão das tarifas adicionais sobre produtos brasileiros. Cerca de 130 empresários e representantes de associações de diversos setores industriais participarão.

Estão previstas reuniões com empresários e parlamentares americanos, encontros bilaterais com instituições parceiras e uma plenária com participantes dos setores público e privado. O governo brasileiro não enviará representantes, pois a audiência é focada no setor empresarial.

Segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, o objetivo é fortalecer o diálogo e avaliar os impactos comerciais, além de identificar estratégias para aprofundar a parceria econômica entre os países.

“É fundamental manter uma relação firme e construtiva de mais de 200 anos entre Brasil e Estados Unidos. Nosso intuito com essa missão é ampliar o diálogo e contribuir nas negociações com argumentos técnicos que evidenciem a relevância e os benefícios mútuos dessa parceria. As economias do Brasil e dos EUA são complementares.”

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