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Tarcísio desiste de usar IA para monitorar alunos em sala

A Secretaria Estadual da Educação do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) avaliou a possibilidade de usar um sistema de inteligência artificial para acompanhar o comportamento dos estudantes nas salas de aula da rede estadual. No entanto, após testes, o projeto foi interrompido, conforme informado pela pasta.
Detalhes do projeto
O sistema foi implementado em 11 escolas e consistia na instalação de câmeras que gravavam os alunos e utilizavam inteligência artificial para analisar seus comportamentos.
Essa tecnologia, chamada Sistema de Avaliação de Desempenho Inteligente (SADI), foi desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia Anexo Brasil, uma empresa sediada em Goiás.
Vídeos divulgados pelo instituto explicam que a ferramenta identifica sinais de ansiedade entre os estudantes e reconhece os “perfis fortes” deles.
Em uma das apresentações, o CEO do Instituto, Wister Alves, mencionou que a análise dos dados visa preparar os alunos para o mercado de trabalho.
“Vamos desenvolver os perfis comportamentais que o mercado de trabalho demanda para depois oferecer a oportunidade de trabalhar os pontos fortes de cada aluno”, diz o empresário na divulgação.
Porém, o site da empresa não detalha quais comportamentos indicam ansiedade, quem valida essas análises, nem explica claramente o que seria um “perfil forte” e como essas informações beneficiariam os estudantes na entrada no mercado de trabalho.
O Metrópoles tentou esclarecer com a Secretaria da Educação qual era o objetivo da gestão Tarcísio ao testar essa ferramenta, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
A pasta confirmou que os testes ocorreram desde o final do ano passado até o momento atual, sem custo para o governo. Segundo a Secretaria, a participação das escolas foi voluntária e houve concordância dos professores.
A reportagem também procurou o Instituto de Tecnologia Anexo Brasil, mas não recebeu retorno do CEO até o fechamento da matéria. O espaço permanece aberto para comentários.
Reações e questionamentos
Na última semana, membros dos partidos PT e PSol denunciaram a iniciativa ao Ministério Público após uma reportagem do Diário do Centro do Mundo expor o projeto.
A representação, assinada pelo deputado estadual paulista Carlos Giannazi, a deputada federal Luciene Cavalcante e o vereador da capital paulista Celso Giannazi, todos do PSol, afirma que o projeto piloto foi realizado de forma informal e viola a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“É claro que o Ministério Público precisa agir, inclusive com medidas judiciais, já que uma empresa está coletando dados biométricos de menores dentro da escola, infringindo leis federais como a LGPD, que restringe o uso de dados sensíveis, especialmente de crianças, além do ECA, que protege os direitos dos menores”, afirma o documento do PSol.
Por sua vez, a deputada estadual Professora Bebel, do PT e presidente do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, enviou um ofício ao MPSP. O Metrópoles apurou que o órgão abriu um procedimento para investigar o caso.

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