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Gleisi reúne ministros do Centrão para impedir anistia a acusados do 8 de Janeiro

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, convocou para a manhã de hoje um encontro com ministros dos partidos que compõem o Centrão no Palácio do Planalto para discutir estratégias que impeçam a aprovação de um projeto de lei que concede anistia aos envolvidos nos atos golpistas do 8 de Janeiro.
São esperadas participações de ministros do MDB, PP, União Brasil, PSD e Republicanos, todos com vínculos próximos às bancadas da Câmara e do Senado. Também devem participar membros de partidos de esquerda, como o PT, PSB e PDT, além dos líderes do governo no Parlamento.
A pressão na Câmara dos Deputados para avançar com o projeto de anistia cresceu recentemente, o que poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, afastando a possibilidade de uma condenação relacionada à trama golpista.
As lideranças nacionais do PP, União Brasil e Republicanos apoiam abertamente a proposta, contando com maioria em suas bancadas na Câmara para impulsionar a iniciativa. No PSD, entretanto, o cenário é de divisão, com uma bancada misturada entre apoio e rejeição. Apesar de a cúpula do MDB se posicionar contrariamente, há apoios em alas regionais do Sul e Centro-Oeste.
Há uma pressão do PL para que a anistia contemple também a reversão da inelegibilidade de Bolsonaro, porém essa demanda enfrenta resistência dentro do Centrão, que prefere focar no perdão das possíveis condenações relacionadas à trama golpista.
Em meio a esse contexto, o governo busca utilizar seus ministros para reduzir o respaldo à iniciativa no Congresso Nacional, cobrando que atuem para evitar um consenso que leve à tramitação do projeto.
Fontes governamentais afirmam que a base partidária está consolidada em apoio à anistia, motivada também por insatisfação com a gestão atual. Avalia-se que o Planalto deve superar obstáculos, como agilizar a liberação de emendas, para aliviar a pressão e manter o equilíbrio político.
A reunião organizada por Gleisi terá como foco os principais temas do segundo semestre no Congresso, incluindo a isenção do Imposto de Renda para rendas até R$ 5 mil, a PEC da Segurança Pública e medidas provisórias prestes a perder validade. Apesar disso, a anistia será o ponto central da discussão.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem demonstrado posições contraditórias quanto ao tema. Na semana passada, reuniu-se com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem sido estimulado pelo Centrão a concorrer à presidência em 2026. A anistia poderia ser uma bandeira para conquistar apoio de Bolsonaro na disputa.
Na última terça-feira, Hugo Motta afirmou que o apoio ao projeto cresceu entre líderes do Congresso e que o tema precisaria ser debatido na Câmara. Entretanto, rapidamente voltou atrás, constatando a falta de consenso, e decidiu esvaziar a pauta da semana para votar apenas temas de consenso amplo, com possibilidade de votação virtual e dispensa de presença física.
Além disso, Hugo Motta participou do desfile cívico de 7 de Setembro junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, evento no qual ocorreram manifestações contrárias à anistia.
A expectativa é que o projeto seja analisado somente após o julgamento da trama golpista, no qual Bolsonaro é investigado.

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