Moraes: herói dos progressistas e odiado por apoiadores de Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi descrito pelo jornal britânico The Guardian como uma figura que desperta sentimentos intensos, tanto de admiração quanto de rejeição.

Considerado “controverso”, Moraes é o relator da ação penal que investiga a conspiração golpista na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está entre os réus, podendo haver uma condenação ainda esta semana.

Em reportagem publicada nesta segunda-feira, durante o julgamento do núcleo principal na Primeira Turma do STF, o jornal ressaltou que a atuação firme de Moraes contra Bolsonaro fez dele “um herói para os progressistas” e “uma figura detestada pelos seguidores” do ex-presidente.

O jornal também mencionou os críticos ataques do bilionário Elon Musk ao ministro, como forma de ilustrar sua relevância e influência.

No texto, é narrada a carreira acadêmica, política e profissional de Alexandre de Moraes, desde sua nomeação como ministro da Justiça no governo de Michel Temer, em 2016.

Foi destacado ainda que Moraes foi aprovado em primeiro lugar no concurso para o Ministério Público e, aos quase 30 anos, enfrentou um dos políticos mais poderosos do Brasil na época, o então prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, acusado de corrupção em contratos públicos.

O jornal ressaltou a conexão de Moraes com políticos de direita, ao mesmo tempo em que parte da esquerda brasileira reconhece seu trabalho, especialmente durante as eleições presidenciais de 2022.

Uma entrevista concedida ao jornal francês Le Monde em 2023 por um amigo da época universitária de Moraes ilustrou sua personalidade: “a última coisa que ele teria no quarto seria um pôster do Che (Guevara)”, disse Floriano de Azevedo Marques Neto.

Defensor brasileiro e sua imagem controversa

Para mostrar a polarização em torno do ministro, o Guardian contou a história de Adauto Gomes Nascimento, açougueiro de 37 anos, que gastou R$ 3 mil para tatuar o rosto de Moraes na perna.

Segundo Adauto, o ministro “defende o país” e é “uma pessoa corajosa que não hesita em agir e está sempre na ofensiva”.

A decisão de tatuar o rosto de um juiz da Suprema Corte no corpo pode parecer inusitada, mas o contexto político do Brasil ajuda a entender essa escolha, conforme destacou o jornal.

A arte foi criada pelo tatuador Bruno Ferreira, de Belém (PA), especialista em realismo colorido, técnica usada para retratar ídolos do esporte como Pelé e Ayrton Senna, aplicada também no trabalho realizado para Adauto.

Bruno Ferreira afirmou nas redes sociais: “Seja qual for o seu desejo de tatuar, nosso papel é realizar seu projeto.” O tatuador recebeu elogios pela qualidade do serviço, embora tenha também sofrido críticas por ter homenageado Moraes.