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Lula fala que países da Amazônia resolvem seus próprios problemas

Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os países da Amazônia são capazes de enfrentar o crime organizado na região sem precisar de ajuda externa. Ele ressaltou a importância da presença do Estado para garantir a aplicação da lei durante a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), em Manaus (AM).
O centro, que começou a funcionar em junho, combate crimes transnacionais que causam danos à Amazônia, em uma cooperação entre forças de segurança do Brasil e países vizinhos.
Lula disse: “O crime ocupa espaços deixados vazios pelo Estado. Nosso objetivo é firmar a presença do Estado. Este centro simboliza isso”.
Ele criticou ações dos Estados Unidos, que enviaram navios de guerra para a costa da Venezuela com o pretexto de combater cartéis de drogas. Para o presidente brasileiro, isso é uma desculpa para intervir nos países da região.
Lula destacou que é a primeira vez que tantos países amazônicos se reúnem para trabalhar juntos. Ele afirmou: “Não precisamos de intervenção estrangeira nem de ameaças à nossa soberania. Somos capazes de encontrar nossas próprias soluções através da ação integrada e cooperação”.
O combate ao crime organizado também é fundamental para a preservação ambiental, que sofre com o garimpo ilegal e o desmatamento. O presidente explicou que neutralizar líderes e cortar o financiamento dessas organizações é essencial.
Em 2024, mais de US$ 250 milhões em bens foram confiscados de pessoas envolvidas em crimes ambientais. Além disso, US$ 60 milhões em equipamentos ilegais usados em garimpos foram destruídos.
Lula reforçou que a violência atinge principalmente moradores vulneráveis, como indígenas e comunidades ribeirinhas, enquanto os criminosos ricos permanecem impunes. “Estar ao lado do povo amazônico exige ação decisiva contra o crime”, disse.
Unidos pela proteção da Amazônia
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, presente na cerimônia, afirmou que proteger a Amazônia é proteger a humanidade. Para ele, a cooperação entre países é essencial para evitar ações criminosas na região.
Petro expressou preocupação com a ameaça da aproximação de navios estadunidenses à Venezuela, destacando a importância do petróleo na questão. Ele criticou ações militares no Caribe e enfatizou a necessidade de diálogo igualitário com os EUA, sem apoiar governos ligados a massacres.
O presidente colombiano também comparou ataques atuais a navios com táticas da Segunda Guerra Mundial e referiu-se às ações militares de Israel na Faixa de Gaza, destacando que a América Latina não deve ser alvo de bombardeios.
Ele destacou o conflito entre o interesse capitalista e a preservação da vida, defendendo o valor da região amazônica para o planeta.
Centro de inteligência coordenado pelo Brasil
O CCPI, sob coordenação brasileira, funcionará como uma central de inteligência e colaboração policial entre os nove países que abrigam a Amazônia e os nove estados brasileiros que compõem a Amazônia Legal. Essa colaboração envolve órgãos como Interpol, Europol e Ameripol.
Andrei Passos Rodrigues, diretor geral da Polícia Federal, ressaltou que o crime organizado opera internacionalmente e que a cooperação entre países é essencial para combater essas redes criminosas.
Ele destacou que o Brasil é o único país da América Latina com acordo operacional homologado pelo Parlamento Europeu com a Interpol.
Em mensagem em vídeo, o secretário-geral da Interpol, Valdecy Urquiza, destacou a importância histórica da inauguração para a proteção da floresta e a ação coordenada contra o tráfico e a destruição ambiental.
Urquiza reforçou que a colaboração internacional é uma ação concreta e afirmou que o centro demonstra o compromisso da região com a segurança e preservação da Amazônia.
Investimentos e ações para a segurança
O CCPI foi financiado com R$ 36,7 milhões do Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. As forças brasileiras envolvidas incluirão Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e policiais dos estados da Amazônia Legal.
O centro possui setores de inteligência, operações, logística, videomonitoramento, gabinete de crise e sala de imprensa para atuação conjunta.
O CCPI faz parte do Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), lançado em 2023, que recebeu R$ 318,5 milhões para ampliar a inteligência e fiscalização contra crimes ambientais.
Lula enfatizou o papel do Fundo Amazônia como um mecanismo de reparação histórica, financiado pelos países que desejam preservar a floresta, destacando que o fundo não é uma caridade, mas sim um pagamento de royalties.
Ele defende que países ricos contribuam robustamente para a preservação ambiental e o combate às mudanças climáticas.
O Fundo Amazônia também apoia a operação Ouro-Alvo, que rastreia a origem do ouro, combate a grilagem, lavagem de dinheiro e outros crimes ligados ao desmatamento.
Amazônia e ações complementares
A Floresta Amazônica se estende por nove países e abriga cerca de 50 milhões de pessoas em quase 6,74 milhões de km², sendo 60% em território brasileiro.
Além do CCPI, Lula participou da cerimônia de lançamento do Programa União com Municípios para Reduzir o Desmatamento e Combater Incêndios, com R$ 150 milhões para 48 municípios prioritários, incluindo áreas do Amazonas como Apuí, Boca do Acre, e Manicoré.
As ações visam à prevenção, monitoramento, controle e redução do desmatamento, com regularização ambiental e fundiária para proteger áreas nativas.
Norte Conectado e inclusão digital
Também foi entregue a Infovia 04 do Programa Norte Conectado, que conecta Boa Vista a Manaus via cabos subfluviais de fibra óptica para levar internet de alta qualidade a escolas, hospitais e serviços públicos em Roraima e Amazonas.
O programa, do Ministério das Comunicações, terá oito infovias para atender 59 municípios nos estados da Amazônia Legal, instalando mais de 12 mil km de cabos para melhorar a comunicação e inclusão digital na região.
As infovias possuem 24 pares de fibra óptica com capacidade para transmitir até 20 terabytes por segundo, o equivalente a 200 mil vídeos em alta definição simultâneos.

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