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Dólar recua e fecha abaixo de R$5,40 com dados dos EUA

O dólar finalizou as negociações desta quinta-feira (11) em queda leve, fechando abaixo da marca de R$ 5,40. Esse movimento acompanha a desvalorização da moeda americana no mercado internacional, impulsionada por dados recentes do mercado de trabalho dos Estados Unidos que aumentaram as expectativas de cortes mais intensos nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) até o final do ano.
Pela manhã, a moeda chegou a atingir R$ 5,3741, o menor valor intradia desde junho do ano passado. No entanto, as perdas diminuíram durante a tarde devido a ajustes para realização de lucros e à recomposição de posições defensivas, diante de um ambiente de cautela em relação ao cenário político doméstico.
Operadores mencionam que a divulgação à tarde da pesquisa Datafolha, que apontou melhora na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode também ter limitado a valorização do real. Muitos investidores monitoram a hipótese de que uma vitória da oposição nas eleições de 2026 poderia resultar em uma mudança na política econômica rumo a uma maior austeridade fiscal, reduzindo os prêmios de risco e valorizando a moeda brasileira.
Durante as últimas horas da sessão, o dólar oscilou entre R$ 5,38 e R$ 5,39, encerrando o dia em queda de 0,27% a R$ 5,3922, o menor valor de fechamento desde 12 de agosto. Apesar do real ser a moeda com melhor desempenho entre as latino-americanas no ano, sua valorização hoje foi menor comparada ao peso mexicano, chileno e colombiano.
Ricardo Chiumento, superintendente da Mesa de Derivativos do BS2, comenta que o mercado aparenta receio de romper o suporte de R$ 5,40, o que leva a ajustes cautelosos quando o dólar apresenta quedas mais acentuadas.
“Há alguma influência da decisão do Supremo Tribunal Federal no comportamento do dólar, devido ao temor de possíveis retaliações dos EUA. Sem essa tensão, o dólar provavelmente estaria abaixo de R$ 5,35”, afirma Chiumento. “Hoje, o real claramente segue o movimento do mercado externo, impulsionado pela expectativa de cortes de juros nos EUA.”
Nos mercados internacionais, o índice DXY, que avalia o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, estava em torno de 97,500 pontos ao final do dia, com queda superior a 0,25% após atingir mínima de 97,473 pontos.
O índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos subiu 0,4% em agosto na comparação com julho, ligeiramente acima da mediana das projeções de 0,3%. Em termos anuais, a alta foi de 2,9%, alinhada às expectativas.
Apesar do CPI ter indicativo que a inflação não apresentou alívio claro, o aumento inesperado nos pedidos semanais de auxílio-desemprego reforçou as apostas em cortes mais agressivos nas taxas de juros pelo Fed.
Ferramentas de monitoramento indicam que a probabilidade de redução acumulada de 75 pontos-base nas taxas de juros pelo Fed até o fim do ano subiu de 60% para mais de 80%. Os mercados estimam um corte de 25 pontos-base já na reunião do dia 17.
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, destaca que apesar dos dados do CPI negativos, a inflação ao produtor sugere que os efeitos do aumento das tarifas são temporários. Ele observa que o Fed está mais focado no mercado de trabalho, o que leva os investidores a darem mais importância aos números do seguro-desemprego.
“Parece que o mercado está minimizando o impacto dos números ruins da inflação com a convicção de que este é um fenômeno temporário, enquanto os dados do mercado de trabalho reforçam uma perspectiva de enfraquecimento da economia”, afirma Borsoi. “Ainda não está claro se o Fed deveria iniciar com um corte de 0,50 ponto percentual. Na minha visão, os dados atuais são mais consistentes com três cortes de 0,25 ponto percentual.”

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