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Careca do INSS preso: veja como funcionava o golpe dos descontos em aposentadorias
A Polícia Federal deteve nesta sexta-feira os empresários Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e seu sócio Maurício Camisotti. Eles estão suspeitos de participarem de fraudes vinculadas ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A operação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é uma etapa da Operação Sem Desconto, iniciada em abril para investigar um esquema nacional de descontos indevidos em aposentadorias e pensões.
Como o esquema funcionava
Sindicatos e associações cobravam aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024 por descontos em seus benefícios. Entretanto, a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União indicam que essas autorizações para descontos foram falsificadas, provocando descontos sem autorização de milhares de beneficiários.
Essa prática fez crescer a arrecadação dos sindicatos no governo do presidente Lula por meio dessas cobranças, especialmente nos últimos dois anos. A investigação estima que o prejuízo ultrapasse R$ 6 bilhões.
Na mesma data, em entrevista, o ministro Carlos Lupi assumiu a responsabilidade pela indicação de Stefanutto, presidente do INSS.
— A indicação do Stefanutto é de minha inteira responsabilidade. Até o momento, ele tem demonstrado conduta exemplar. Agora aguardamos o procedimento que tramita em segredo de Justiça e as investigações. Decisão judicial deve ser cumprida, e quando há discordância, cabe recurso. Garantiremos o amplo direito de defesa dos cidadãos — afirmou.
Investigação em andamento
No ano anterior, a CGU, o Tribunal de Contas da União e o INSS fiscalizaram o aumento dos descontos repassados a associações e sindicatos. A CGU detectou que 70% das 29 entidades autorizadas a fazer descontos não entregaram a documentação exigida ao INSS.
A advogada Tônia Galleti, ex-membro do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), revelou em entrevista ao Globo que alertou o ministro Carlos Lupi sobre essa irregularidade, mas nenhuma medida foi tomada.
Valores cobrados e bens envolvidos
De acordo com as investigações, membros da direção do INSS receberam mais de R$ 17 milhões de transferências ligadas às associações, além de bens de alto valor, como um Porsche avaliado em R$ 500 mil transferido para a esposa de um procurador do INSS.
Pessoas e empresas ligadas ao ex-diretor de Benefícios do INSS, André Paulo Félix Fidelis, receberam R$ 5,1 milhões de intermediárias associadas. Já o ex-diretor de Governança, Alexandre Guimarães, recebeu R$ 313 mil diretamente ou via pessoa jurídica.
A defesa de André Fidélis declarou não ter acessado os autos do processo e que se compromete com a transparência e o esclarecimento total dos fatos. Alexandre Guimarães negou ter recebido valores de Antônio Carlos Camilo Antunes, explicando que abriu empresa em janeiro de 2023 e que o valor recebido corresponde a serviços de consultoria, com notas fiscais para comprovação.
O ‘Careca do INSS’
Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, é a figura principal na distribuição das supostas propinas. Relatórios indicam que ele movimentou R$ 53 milhões provenientes de entidades sindicais ou relacionadas.
Antunes informa que é gerente com renda mensal de R$ 24.458,23, porém a Polícia Federal constatou movimentações bancárias muito superiores a essa renda.
Foi identificado que o “Careca do INSS” possui diversas empresas em diferentes áreas. Pessoas e entidades ligadas a ele receberam R$ 53,5 milhões provenientes de sindicatos e associações.
Ele é proprietário de uma frota de oito veículos de luxo e imóveis em São Paulo e Brasília, incluindo uma casa no bairro de Lago Sul, avaliada em R$ 3,3 milhões, adquirida à vista.
Também é representante legal de uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas — possivelmente uma offshore para proteger bens obtidos ilegalmente, conforme informou a polícia.
Seus ex-advogados afirmam que a inocência de Antônio Carlos será provada durante o processo, confiando nas instituições e na apuração justa dos fatos.
Atuação de Stefanutto na liberação dos descontos
Os investigadores apontam que Stefanutto, afastado e demitido pelo presidente Lula após a operação, agiu para permitir os descontos em grande escala em benefício da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), mesmo contra parecer negativo da Procuradoria do órgão.
Relatórios indicam que pelo menos 34 mil descontos foram autorizados com base em justificativas consideradas infundadas e contrárias à lei.
A Confederação afirmou que sempre atuou com responsabilidade e ética, investindo esforços na melhoria da gestão e fiscalização dos projetos e convênios sob sua administração, obedecendo às normas legais.

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