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Bolsonaro é condenado: Quais os próximos passos?
Após ser condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe, Jair Bolsonaro (PL) será enviado imediatamente para a prisão? Quais as chances de anistia no Congresso?
Estas são as dúvidas mais relevantes após o julgamento histórico do ex-presidente, sentenciado nesta quinta-feira (11) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentar dar um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bolsonaro será preso imediatamente?
Bolsonaro, de 70 anos, só irá para a prisão após o trânsito em julgado, explicou à AFP Thiago Bottino, professor de direito penal da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O STF informou que a ata do julgamento deve ser homologada em uma audiência da Primeira Turma prevista para 23 de setembro. Em seguida, os ministros têm até 60 dias para depositar seus votos, e então sai o acórdão, que compila todas as decisões do processo.
A defesa terá cinco dias para apresentar recursos.
Os advogados do ex-presidente já anunciaram que vão recorrer, inclusive em instâncias internacionais.
Segundo Bottino, a defesa pode tentar recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos, embora essa estratégia tenha baixa probabilidade de sucesso.
Com prisão domiciliar desde agosto por descumprir medidas cautelares, Bolsonaro pode tentar cumprir a pena em casa, alegando problemas de saúde.
Ele sofre sequelas de uma facada na barriga sofrida em 2018 e passou por várias cirurgias.
Em maio, o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) conseguiu cumprir prisão domiciliar por motivos de saúde, apesar da condenação de mais de oito anos por corrupção.
Há possibilidade de anistia?
O grupo bolsonarista pretende unir esforços no Parlamento para aprovar um projeto de anistia que beneficie Bolsonaro, declarou seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
O deputado Zucco (PL-RS) afirmou que o projeto deve ser votado na próxima semana.
Para aprovação, dependerá do apoio dos partidos de centro-direita, que já demonstram reservas.
Se aprovada, a anistia seria certamente vetada pelo presidente Lula e poderia ser levada ao STF.
Ministros do STF já indicaram que perdão em crimes contra a democracia é inconstitucional.
Segundo o ministro Alexandre de Moraes, “Não cabe anistia pelo Congresso nem perdão judicial pelo Judiciário em crimes contra a democracia”.
Quem poderá substituir Bolsonaro nas eleições?
Antes da condenação, Bolsonaro foi declarado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral eletrônico. Ainda assim, acreditava que poderia reverter a inelegibilidade e se candidatar em 2026.
Seus aliados evitam falar em sucessão.
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) afirmou: “Não temos outro plano além do Presidente Bolsonaro, ele é o plano A, B e C”.
Nos bastidores, destaca-se o nome de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, como possível líder conservador futuro.
Ex-militar e ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio endureceu seu discurso e pediu indulto para o ex-presidente caso seja eleito para o Palácio do Planalto.
Mayra Goulart, cientista política da Universidade Federal do Rio de Janeiro, comenta que os temas golpe e anistia podem afastar eleitores que não são radicais.
A condenação beneficia a esquerda?
Pesquisa recente do Instituto Datafolha aponta que a aprovação do governo Lula subiu de 29% para 33%, embora a rejeição ainda seja alta (38%).
Lula, de 79 anos, se posiciona como defensor da soberania nacional, em contraponto a sanções comerciais impostas por Donald Trump devido ao julgamento contra Bolsonaro.
Apesar de ter sinalizado interesse em reeleição, em entrevista à TV Bandeirantes nesta quinta-feira, Lula disse: “Ainda não decidi se vou concorrer”.

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