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Resposta à condenação de Bolsonaro pode sair durante visita de Lula aos EUA

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Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, e discursar na abertura do evento na próxima terça-feira, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, indicou ontem que novas ações em resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pela trama golpista serão anunciadas “na próxima semana”.

Rubio, líder da diplomacia dos EUA, criticou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como “juízes ativistas” e mencionou, sem citar diretamente, o ministro Alexandre de Moraes, alegando que um magistrado tentou “impor demandas extraterritoriais contra cidadãos americanos”.

Depois da condenação de Bolsonaro, o secretário da administração Trump já havia declarado que os EUA responderiam adequadamente ao que chamou de “caça às bruxas”, referindo-se ao julgamento do aliado político.

Nos últimos meses, no auge da tensão diplomática entre os países, alguns produtos brasileiros sofreram tarifas de 50%, enquanto Moraes foi incluído na lista de sanções norte-americanas sob a Lei Magnitsky, que impõe restrições financeiras. Essa retaliação ocorreu após intervenção do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), residente nos EUA.

A Lei Magnitsky, criada inicialmente para punir violações de direitos humanos e corrupção grave, passou a ser usada por Trump para pressionar o Judiciário brasileiro, incluindo o bloqueio de cartões Visa e Mastercard do Banco do Brasil.

Rubio indicou que medidas adicionais estão sendo consideradas, sem antecipar detalhes. Em entrevista também divulgada pelo Departamento de Estado, ele afirmou que o julgamento no STF é mais um episódio de uma série crescente de opressão judicial que prejudicou empresas americanas e pessoas residentes nos EUA.

“Há juízes ativistas, especialmente um que perseguiu Bolsonaro e tentou impor reivindicações contra cidadãos americanos, até ameaçando ir além,” afirmou Rubio. “Haverá uma resposta dos EUA e divulgaremos anúncios em breve sobre as medidas que pretendemos tomar.”

Reação e Expectativas

O governo brasileiro já esperava a reação americana e acredita que, desta vez, as sanções poderão se focar em autoridades brasileiras específicas, como o ministro Moraes. Além dele, sete ministros do STF tiveram seus vistos americanos suspensos, exceto Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Luiz Fux.

Além disso, interlocutores do governo avaliam que o presidente americano deverá ajustar suas ações com grupos de extrema direita, semelhante ao ocorrido com a Índia, que foi criticada por comprar petróleo russo. O Brasil importa fertilizantes russos, essenciais para o agronegócio, base da oposição bolsonarista, o que poderia gerar conflitos caso haja punições.

Segundo membros do governo Lula, a imagem do Brasil no cenário internacional melhorou após o julgamento dos envolvidos na tentativa de golpe, evidenciando que o país não cedeu à “chantagem tarifária” dos EUA, conforme termo usado pelo próprio Lula em reunião do Brics.

Também há discussões em aberto sobre investigações americanas sobre práticas comerciais desleais, incluindo concorrência por meio do Pix, que compete com empresas americanas de cartões de crédito.

Agenda Internacional de Lula

A Assembleia Geral da ONU, marcada para a próxima semana em Nova York, é uma prioridade na agenda de Lula. Em seus três mandatos, o presidente participou de todas as assembleias, exceto em 2010, quando enviou o então chanceler Celso Amorim, focado na campanha presidencial de Dilma Rousseff.

Este ano, Lula pretende estar presente no encontro do dia 23. A reunião será fundamental para avançar nas negociações da COP30, que ocorrerá em novembro em Belém, no Brasil.

No dia 24, a ONU sediará a Cúpula do Clima, onde países apresentarão suas proposições para redução das emissões de gases de efeito estufa e adaptação às mudanças climáticas, as chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas). Tradicionalmente, o representante brasileiro faz o discurso de abertura da Assembleia, função cumprida por Lula em 2023 e 2024.

Mensagem de Lula a Trump

Em artigo no jornal The New York Times, Lula enviou uma mensagem ao ex-presidente Donald Trump, destacando que o Brasil permanece aberto a negociações que tragam benefícios mútuos, mas ressaltou que “a democracia e a soberania do Brasil não estão em discussão”.

O presidente afirmou orgulho pela “decisão histórica” do Supremo Tribunal Federal, que, segundo ele, “preserva as instituições e o Estado Democrático de Direito”.

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