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Lula fala a Trump na ONU com tom suave sobre soberania

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá utilizar a visibilidade global proporcionada pela 80ª sessão da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas para enviar uma mensagem ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em seu discurso, ele defenderá temas como soberania nacional, democracia e o multilateralismo.

No entanto, a abordagem escolhida será mais moderada do que a usada em palanques eleitorais, buscando evitar confrontos diretos com o líder americano, apesar das tensões atuais entre os dois países.

Lula viajará para Nova York no final de semana e permanecerá até o dia 24, quando deverá retornar ao Brasil, conforme agenda provisória. Além do discurso marcado para a terça-feira, 23, ele participará de eventos paralelos, incluindo a abertura da Semana do Clima e uma reunião sobre a Palestina organizada pela França e Arábia Saudita.

Tradicionalmente, o presidente brasileiro é o primeiro a discursar entre os chefes de Estado na ONU, seguido por Trump. Essa ordem e o fato do discurso ocorrer nos EUA levam a expectativa de que Lula evite críticas diretas ao presidente norte-americano enquanto defende os direitos soberanos dos países.

Um diplomata brasileiro experiente observa que, com a recente publicação de um artigo de Lula no The New York Times, seria complicado para ele atacar Trump. No texto, Lula acusou os EUA de buscar impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro por meio de tarifas sobre produtos brasileiros e sanções da Lei Magnitsky.

Por trás dos bastidores, cogitou-se a possibilidade de evitar encontros casuais entre os dois líderes na ONU devido à crise nas relações bilaterais, agravada após a condenação de Bolsonaro. Porta-vozes do governo americano ameaçaram o Brasil com mais sanções, incluindo tarifas secundárias, suspensão de vistos para autoridades brasileiras e extensão da Lei Magnitsky a ministros e familiares que votaram pela condenação de Bolsonaro.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou em entrevista que uma resposta aos atos brasileiros será anunciada em breve, indicando medidas adicionais.

Além disso, o governo americano restringe vistos para a Assembleia-Geral da ONU, afetando a delegação brasileira. Ainda assim, Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, têm seus vistos válidos e esperam manter as liberações apesar do clima tenso.

Na última semana, autoridades americanas comunicaram que estavam processando os vistos da delegação do Brasil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já obteve visto diplomático, solicitado em meio às tensões provocadas pelas tarifas dos EUA.

Outro ponto em pauta é como será abordada a defesa da democracia no discurso de Lula. Membros do governo estudam a possibilidade de mencionar timidamente o julgamento do ex-presidente Bolsonaro, mas focando no público internacional e ressaltando que o Judiciário brasileiro tem atuado em defesa do Estado Democrático de Direito.

Lula também deverá reiterar o apoio ao reconhecimento do Estado da Palestina, tema constante desde o início do conflito na Faixa de Gaza, e defender uma solução pacífica para a guerra na Ucrânia, posição mantida desde o começo de seu mandato.

Além disso, ele convidará países para a 30ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima (COP-30), que ocorrerá em Belém, e reforçará seu compromisso com a preservação do meio ambiente durante seu discurso.

No dia seguinte à Assembleia-Geral, Lula conduzirá um encontro dedicado à democracia e participará da Cúpula das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que visa reduzir emissões de gases do efeito estufa conforme o Acordo de Paris.

De acordo com o Itamaraty, ainda não foram definidas todas as reuniões bilaterais do presidente com outros chefes de Estado em Nova York. Já está confirmado o encontro tradicional com o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, pouco antes do discurso formal.

Após finalizar os compromissos na cidade, Lula deverá conceder uma entrevista coletiva para apresentar um balanço da agenda antes de retornar ao Brasil.

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