Economia
Copom mantém juros e prevê cortes só em 2026

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% na decisão de hoje. Uma pesquisa do Projeções Broadcast indica que 74% das instituições consultadas acreditam que a taxa permanecerá estável até o final deste ano, com cortes sendo esperados apenas a partir de 2026.
Analistas consultados pelo Estadão/Broadcast identificam que, apesar dos primeiros sinais de desaceleração na economia, como queda na produção e vendas, ainda é prematuro para o Copom alterar a trajetória dos juros ou permitir apostas em cortes ainda neste ano.
O economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, destaca que o cenário indica que os juros de 15% estão elevados, porém não há espaço suficiente para reduções imediatas, pois ainda estamos longe do objetivo.
Espera-se que o Copom realize um leve ajuste para baixo na sua previsão de inflação para o primeiro trimestre de 2027, importante horizonte para a política monetária, mas a comunicação deve permanecer próxima ao encontro anterior.
Desde a última reunião do Copom em julho, as expectativas para o IPCA em 2025 e 2026 diminuíram um pouco, mas seguem acima da meta central de 3%. A cotação do dólar prevista pelo comitê deve baixar, possibilitando uma pequena redução na estimativa de inflação para o início de 2027, conforme análises da XP e do Santander Brasil. Hoje, também será definida a nova taxa básica de juros nos Estados Unidos.
Caio Megale avalia que, mesmo com o mercado de trabalho aquecido e o IPCA próximo ao limite superior da meta, há sinais de melhora suficientes para que o Copom possa iniciar cortes em janeiro, com reduções de 0,5 ponto percentual, projetando a Selic em 12% como um nível conservador diante das incertezas eleitorais.
Para a economista sênior da LCA 4Intelligence, Thais Zara, o cenário atual é semelhante ao de julho, sugerindo que pouco mudará na comunicação oficial. Ela ressalta que a principal questão é a divergência entre as expectativas do mercado e a posição do Banco Central, que ainda vê a inflação acima da meta.
A 4Intelligence prevê a manutenção da Selic em 15% até março do próximo ano, com início dos cortes posteriormente, reduzindo a taxa para 12,5%. Sobre recentes eventos econômicos, Thais acredita que o Copom pode mencionar as tarifas dos Estados Unidos ao Brasil, destacando que seus impactos inflacionários devem ser moderados.
O economista Marco Caruso, do Santander, espera que o Copom mantenha a atual política, com a mensagem de observação dos efeitos do ciclo vigente. Ele prevê cortes começando em janeiro de 2026, com a taxa caindo para 13%, mas não descarta que o início possa ser adiado para março.

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