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Tecnologia digital e IA facilitam preservação do patrimônio arquitetônico

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Da reconstrução da Notre Dame de Paris à digitalização das pirâmides do Egito, passando pela análise de monumentos em áreas de conflito, a tecnologia digital e a inteligência artificial (IA) estão transformando a forma como preservamos o patrimônio mundial.

No século XIX, o arquiteto Eugène Viollet-Le-Duc (1814-1879) precisava fazer medições manuais e moldes de gesso para restaurar Notre Dame. Hoje, especialistas têm acesso a réplicas digitais altamente detalhadas desta obra gótica, que sofreu um incêndio em 2019.

Utilizando imagens capturadas por drones e scanners a laser, “o modelo 3D reproduz fielmente o monumento, incluindo deformações e imperfeições, funcionando como uma radiografia”, explicou à AFP Frédéric Gourdet, da empresa francesa AGP (Art graphique & Patrimoine), pioneira em tecnologia digital para o patrimônio cultural.

A AGP, que havia feito medições antes do incêndio, digitalizou grande parte da catedral no dia seguinte e o restante semanas depois.

Gêmeo digital

O desenvolvimento de um “gêmeo digital” da catedral, ou modelo 3D inteligente, permitiu o diagnóstico e a reconstrução da edificação com auxílio de documentação técnica detalhada, segundo Gourdet.

Esse gêmeo digital foi fundamental para a instalação de andaimes e guindastes, além de possibilitar estudos da resistência ao vento da agulha da catedral, conforme explica Emmanuel di Giacomo, chefe de modelagem de informações de construção e inteligência artificial da Autodesk, parceira da AGP.

A IA generativa possibilitou simular todo o processo com economia de tempo e gerando diversas propostas, acrescenta.

Cada uma das 189 abóbadas foi recriada digitalmente, assim como elementos da estrutura que foram transportados pelo Sena para montagem precisa, resume.

A Autodesk, envolvida também no desenvolvimento de equipamentos para os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028, está comprometida com soluções inovadoras que priorizam a restauração do patrimônio existente em vez da construção de novas estruturas.

Pirâmides, basílicas e mesquitas

O uso da IA está revolucionando o trabalho da empresa francesa Iconem, que realizou a primeira digitalização em alta resolução das pirâmides de Gizé, no Egito, segundo seu cofundador Yves Ubelmann.

A IA permite cálculos em grande escala e restituição da realidade do patrimônio como ele é, mesmo quando degradado, servindo como base para reconstruções e conservação.

Iconem também reconstituíu completamente a Basílica de São Pedro, em Roma, inclusive a necrópole romana, que foi tema de uma exposição imersiva.

Além disso, criou uma maquete virtual do sítio arqueológico de Angkor, no Camboja, que será exibida em museu previsto para abrir em 2026 em Siem Reap.

Em regiões em conflito, digitalizou a mesquita Al-Nuri em Mosul, Iraque, incendiada em 2017 e depois restaurada com ajuda da Unesco, assim como sítios arqueológicos de Palmira, a cidade síria de Aleppo e Beirute, no Líbano, salvaguardando dados importantes que estavam sob risco.

Hoje, softwares de IA são treinados para detectar áreas vulneráveis a partir de imagens de satélite, explicou Ubelmann.

Recentemente, saques em sítios arqueológicos foram identificados no norte do Afeganistão, destacando a importância destas ferramentas para proteger o patrimônio histórico.

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