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Economia

Metalúrgicos da Embraer iniciam paralisação por aumento salarial de 11%

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Os trabalhadores metalúrgicos da Embraer começaram uma greve nesta quarta-feira, conforme informou o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. A decisão de interromper as atividades por tempo indeterminado foi tomada durante uma assembleia realizada na manhã de hoje, com a participação de cerca de três mil operários do primeiro turno, de um total de aproximadamente 12 mil empregados na fábrica, sendo 6 mil na linha de produção.

Os funcionários do setor administrativo e os terceirizados continuam trabalhando normalmente.

A Embraer divulgou uma nota afirmando que as outras unidades no país estão operando de maneira regular e expressou surpresa com a paralisação da unidade de São José, uma vez que as negociações ainda estão em progresso.

A categoria está reivindicando um reajuste salarial de 11%, vale alimentação no valor de R$ 1.000,00 (atualmente o valor é R$ 400,00 e a proposta da empresa é R$ 420,00), além da assinatura de uma convenção coletiva que garanta estabilidade no emprego.

Na rodada mais recente de negociações com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), representante da Embraer e do setor aeronáutico, foi apresentada uma proposta de reajuste salarial equivalente à inflação (INPC) de 5,05%, que foi rejeitada pelos trabalhadores.

De acordo com o sindicato, a empresa também pretende diminuir a estabilidade no emprego para trabalhadores acometidos por enfermidades e acidentes relacionados ao trabalho. A última convenção coletiva, assinada em 2017, estabelecia estabilidade até a aposentadoria. A Embraer quer reduzir essa estabilidade para 21 meses (em caso de doença) e 60 meses (em caso de acidentes), informou o sindicato.

Herbert Claros, diretor do sindicato, afirmou: “Esta greve evidencia a insatisfação dos trabalhadores com as políticas da Embraer. A fábrica está registrando recordes em lucro, receita e número de pedidos. Chegou o momento de compartilhar esses resultados com a equipe de produção.”

Negociações continuam

A Embraer comunicou que respeita os direitos de seus colaboradores e manifestou estranheza pela atitude do sindicato na unidade Ozires Silva, pois essa ação restringe o direito constitucional de ir e vir, especialmente considerando que as negociações referentes à data-base estão em curso junto com a Fiesp, e o sindicato ainda não apresentou a última proposta aos trabalhadores.

Segundo a empresa, a Fiesp submeteu na terça-feira, dia 16, uma nova proposta de reajuste salarial de 5,5% (acima da inflação do período) e um aumento de 12,5% no vale alimentação para empregados com salários de até R$ 11 mil.

“As negociações seguem em andamento com todos os sindicatos que representam os colaboradores no estado de São Paulo”, informou a companhia, destacando que as demais unidades funcionam normalmente.

Momento favorável para a Embraer

A Embraer vive um período positivo em seus negócios. Na semana anterior, a empresa anunciou um contrato de US$ 4,4 bilhões para vender 50 unidades do jato E195-E2 para a companhia americana Avelo Airlines, com direito a compra de mais 50 aeronaves, o que elevaria o pedido para US$ 8,8 bilhões. Essa é a primeira vez que a fabricante brasileira comercializa esse modelo mais avançado para os EUA, maior mercado de aviação mundial.

No primeiro semestre, a Embraer registrou lucro de R$ 657 milhões, 58% superior ao mesmo período do ano anterior. O valor das ações da companhia também cresceu 350% nos últimos seis anos.

A empresa ficou isenta do adicional tarifário de 40% imposto por Donald Trump, que elevava a taxa para produtos brasileiros a 50%. Os aviões vendidos para os EUA serão taxados em 10%, a tarifa mínima imposta pelo governo americano.

Ainda assim, a Embraer busca a eliminação dessas tarifas e anunciou investimentos de US$ 500 milhões nos EUA para construir uma fábrica voltada à montagem do KC-390, caso o avião seja escolhido pela Força Aérea americana.

Além disso, a companhia já havia anunciado investimentos de US$ 500 milhões ao longo de cinco anos para ampliar sua planta em Melbourne, na Flórida, local onde fabrica jatos executivos como os modelos Phenom e Legacy.

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