Natura vende Avon Internacional por valor simbólico e ações sobem mais de 10%

Em uma nova iniciativa para desinvestir em ativos internacionais, a Natura acertou a venda da Avon International por apenas £ 1 (R$ 7,23), um valor inferior a uma passagem de metrô no Rio ou o preço de um chiclete. O acordo não inclui o mercado russo nem as marcas e operações da Avon na América Latina.

A transação foi anunciada poucos dias após a empresa vender as operações da Avon em seis países latino-americanos por US$ 1 (R$ 5,30). No mundo corporativo, é comum que ativos sejam vendidos por valores simbólicos quando enfrentam grandes dívidas ou prejuízos acumulados.

A Avon International possui empréstimos contraídos junto à Natura, sua controladora atual. Além disso, junto à Avon Card, cuja venda também foi anunciada recentemente, pressionava os resultados da empresa.

No segundo trimestre, as operações da Avon International e Avon Card registraram um prejuízo de R$ 250 milhões, conforme análise de especialistas.

O acordo firmado com a empresa americana Regent inclui pagamentos adicionais condicionados ao cumprimento de determinados indicadores de desempenho futuro, denominados earn-outs, além de outros pagamentos contingentes.

Esses pagamentos adicionais serão limitados a £ 60 milhões (R$ 433,8 milhões).

De acordo com comunicado da Natura, os créditos referentes aos empréstimos entre Natura e Avon International serão capitalizados antes do fechamento da transação, e o restante será transferido para o comprador.

A Natura também se comprometeu a oferecer uma linha de crédito garantida de até US$ 25 milhões para a Avon International, com prazo de vencimento de cinco anos após o primeiro uso, sendo que a linha poderá ser utilizada em até um ano após a conclusão do negócio.

A conclusão da venda depende de aprovações regulatórias, com expectativa de finalização no primeiro trimestre de 2026.

Quanto ao mercado russo, a Natura continua buscando alternativas estratégicas para a operação da Avon.

A aquisição da Avon pela Natura ocorreu em 2020, com o intuito de ampliar sua atuação internacional. Na época da compra, a empresa americana estava avaliada em cerca de US$ 2 bilhões. Em 2023, a Avon Products, holding internacional da marca, entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos.

Desde então, a Natura tem buscado reduzir sua exposição vendendo alguns ativos da Avon. Também em 2023, a empresa vendeu a The Body Shop e a australiana Aesop, adquirida pela L’Oréal.